PÓS PANDEMIA: Pesquisa aponta que 45% das mulheres sofrem com algum transtorno mental
A pandemia de COVID-19 trouxe consigo mudanças significativas e desafiadoras que tiveram repercussões profundas na saúde mental das pessoas, especialmente nas mulheres.
Uma pesquisa recente realizada pela Think Olga, uma ONG renomada, revelou que 45% das mulheres brasileiras estão sofrendo de algum tipo de transtorno mental após a pandemia.
A prevalência de transtornos mentais entre as mulheres brasileiras
Segundo o relatório da Think Olga, a ansiedade é o transtorno mais comum entre as mulheres no Brasil, afetando 6 em cada 10 mulheres. Além disso, depressão e outros tipos de transtornos mentais também foram diagnosticados nessas mulheres.
Maira Liguori, diretora da Think Olga, aponta que esses dados não são surpreendentes, considerando a sobrecarga e o cansaço que as mulheres enfrentam atualmente.
A conexão entre a sobrecarga de cuidados e a saúde mental
O relatório da Think Olga explora as estruturas que impõem sofrimento às mulheres brasileiras na atualidade. Ele ressalta a sobrecarga de trabalho, a insegurança financeira e o esgotamento mental e físico causado pela “economia do cuidado”.
Essa “economia do cuidado” envolve todas as atividades relacionadas ao cuidado da casa e à produção e manutenção da vida. As mulheres, especialmente as que são as únicas ou principais provedoras de suas famílias, carregam um fardo pesado.
A situação financeira e a saúde mental das mulheres
O relatório da Think Olga também destaca que a situação financeira e a capacidade de equilibrar diferentes aspectos da vida são as maiores preocupações para as mulheres. De fato, a dificuldade financeira afeta 48% das entrevistadas, e a insatisfação com a remuneração baixa atinge 32% delas.
O relatório também mostra que 59% das mulheres das classes D e E estão insatisfeitas com sua situação financeira. Essa insatisfação é especialmente alta entre as mulheres negras e pardas, atingindo 54% delas.
As mulheres como provedoras e o impacto na saúde mental
As mulheres são as únicas ou principais provedoras em 38% dos lares brasileiros. A maioria dessas mulheres são negras, pertencem às classes D e E e têm mais de 55 anos de idade. Apenas 11% das entrevistadas afirmaram que não contribuem financeiramente para a manutenção de suas famílias.
A sobrecarga de trabalho doméstico e o impacto na saúde mental
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada em 2022 mostram que as mulheres gastam 21,4 horas por semana em tarefas domésticas e de cuidado, enquanto os homens gastam 11 horas.
O relatório da Think Olga indica que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada excessiva de trabalho são a segunda causa de descontentamento entre as mulheres, atrás apenas das preocupações financeiras.
Os padrões de beleza e a saúde mental das mulheres
O relatório também aborda o impacto dos padrões de beleza impostos na saúde mental das mulheres. Entre as entrevistadas mais jovens, 26% afirmaram que esses padrões afetam negativamente sua saúde mental.
Além disso, o medo de sofrer violência foi citado por 16% das entrevistadas como um fator que afeta sua saúde mental.
Para 91% das entrevistadas, a saúde emocional deve ser levada muito a sério. Além disso, 76% das mulheres estão tentando prestar mais atenção à sua saúde mental, especialmente após a pandemia de COVID-19.
Os dados da Think Olga mostram claramente que a sobrecarga de cuidados, a insegurança financeira e a pressão da sociedade estão afetando profundamente a saúde mental das mulheres brasileiras.
É essencial que as discussões sobre saúde mental sejam desestigmatizadas e que medidas sejam tomadas para apoiar a saúde mental das mulheres.
Nana Lima, co-diretora da Think Olga, enfatiza a necessidade de compreender o impacto do trabalho de cuidado e incentivar ações do setor privado, da sociedade civil e, principalmente, do setor público para um futuro viável para as mulheres.