Pix, Drex e pagamentos digitais deixam muitos para trás

Em 2020, o Brasil vivenciou uma aceleração significativa na adoção de meios digitais, impulsionada pela pandemia de Covid-19 e o consequente isolamento social. Com as restrições de mobilidade e a necessidade de distanciamento físico, as pessoas foram obrigadas a buscar alternativas para se comunicar, trabalhar, fazer compras e realizar pagamentos sem sair de casa. Nesse contexto, o Pix surgiu como uma solução revolucionária para os brasileiros, oferecendo pagamentos instantâneos, seguros e sem a cobrança de taxas.

O que é o Pix?

O Pix é um sistema de pagamento desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, lançado oficialmente em novembro de 2020. Ele permite que os usuários realizem transferências de dinheiro e façam pagamentos de forma rápida e prática, utilizando apenas uma chave de identificação ou um QR Code. Diferente dos tradicionais TED e DOC, o Pix funciona em tempo real, 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo feriados.

A adesão ao Pix no Brasil

Desde o seu lançamento, o Pix conquistou rapidamente a preferência dos brasileiros. De acordo com dados disponíveis no site do Banco Central, até o final de julho de 2023, mais de 637,7 milhões de chaves foram cadastradas, entre e-mail, CPF, CNPJ, telefone celular e aleatórias. Esse número representa mais que o dobro do registrado em agosto de 2021, demonstrando o crescimento exponencial do uso do Pix.

O perfil dos usuários do Pix

Ao analisar o perfil dos usuários do Pix, é possível observar que a faixa etária entre 20 e 39 anos é a que mais utiliza o sistema de pagamento, representando 60% das transações. Esse grupo é composto pelas gerações Z e Y, que cresceram em um ambiente digital e estão mais familiarizadas com as tecnologias.

Por outro lado, o uso do Pix ainda não alcança uma parcela significativa das pessoas acima de 50 anos, conhecida como “economia prateada”. Segundo o consultor Bruno Diniz, fundador da Spiralem, essa resistência é natural entre os mais velhos, que têm maior dificuldade em se adaptar às novas tecnologias. A falta de habilidade e conhecimento tecnológico são alguns dos principais motivos que impedem essa faixa etária de aderir ao Pix.

A inclusão digital e o desafio da terceira idade

A inclusão digital é um desafio importante a ser enfrentado no Brasil, especialmente no que diz respeito à população idosa. Dados da pesquisa realizada pelo Serasa mostram que apenas 15% das pessoas acima de 50 anos utilizam o Pix como meio de pagamento. Essa baixa adesão está diretamente relacionada à falta de familiaridade com as tecnologias e à resistência em abandonar os métodos tradicionais de pagamento, como dinheiro em espécie e cartões de crédito.

Um exemplo é Maria Aparecida Pereira, aposentada de 66 anos, que enfrenta dificuldades em utilizar meios de pagamento digitais. Ela prefere pagar boletos em casas lotéricas e fazer retiradas de dinheiro no banco, pois não se sente confortável em utilizar aplicativos e não entende completamente o funcionamento do Pix e do QR Code. Maria Aparecida representa uma parcela da população idosa que ainda mantém hábitos mais tradicionais e tem resistência em adotar novas tecnologias.

A geração Z e o uso do Pix

Por outro lado, os jovens da geração Z, compreendidos entre 18 e 28 anos, adotaram o Pix de forma massiva. Um estudo realizado pelo Serasa revelou que 44% dos integrantes dessa geração não têm o hábito de sacar dinheiro em bancos, utilizando o Pix como principal meio de pagamento. Essa tendência também se estende à geração Y, formada por pessoas de 29 a 41 anos, na qual 43% dos entrevistados não têm o costume de sacar dinheiro em bancos.

Esses dados refletem uma mudança de comportamento nas novas gerações, que estão cada vez mais conectadas e têm preferência por soluções digitais. O Pix se tornou a forma mais conveniente e segura de realizar transações financeiras para esses jovens, que valorizam a praticidade e a agilidade proporcionadas pela tecnologia.

A preferência pela geração X e a economia prateada

Já a geração X, composta por pessoas de 42 a 58 anos, ainda mantém o hábito de sacar dinheiro em bancos, mas em menor proporção. De acordo com o estudo do Serasa, 39% dos entrevistados dessa faixa etária não têm o costume de ir ao banco para sacar dinheiro. Porém, essa geração demonstra uma preferência maior pelo uso do cartão de crédito como principal meio de pagamento, sendo citado por 36% dos participantes. O Pix é mencionado por 26% dos entrevistados da geração X.

Já a economia prateada, formada por pessoas acima de 59 anos, possui uma preferência ainda maior pelo uso do cartão de crédito, sendo citado por 36% dos entrevistados. O Pix é mencionado por 26% dessa faixa etária. Esses números demonstram que, mesmo entre os mais velhos, o uso do Pix está crescendo, porém em um ritmo mais lento.

O crescimento exponencial do uso do Pix no Brasil representa uma transformação significativa na forma como os brasileiros realizam transações financeiras. A pandemia de Covid-19 acelerou esse processo, obrigando as pessoas a se adaptarem rapidamente às novas tecnologias e soluções digitais. No entanto, ainda há desafios a serem superados, especialmente em relação à inclusão digital da população idosa. É necessário investir em programas de educação e capacitação para garantir que todos possam se beneficiar das facilidades proporcionadas pelo Pix e pela tecnologia financeira.

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