O setor de serviços se mostrou ainda mais pessimista com o cenário econômico brasileiro no início de 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 0,4 ponto em fevereiro, para 89,1 pontos.
Em resumo, esse é o menor nível desde maio de 2021 (88,1 pontos), ou seja, em quase dois anos. Aliás, o ICI caiu pelo quinto mês consecutivo, acumulando uma forte perda de 10,0 pontos no período.
O resultado de fevereiro indica pessimismo do setor, impulsionado principalmente pelas percepções sobre o momento atual do Brasil. A propósito, o ICI mede o grau de otimismo dos empresários do setor de serviços no país.
Vale destacar que resultados abaixo de 100 pontos indicam pessimismo, enquanto números acima dessa faixa refletem o otimismo do setor. Em suma, o resultado de fevereiro, abaixo de 90 pontos, indica que o grau de pessimismo dos empresários está mediano, e não apenas superficial.
“A confiança de serviços acumulou a quinta queda consecutiva em fevereiro, se afastando ainda mais do nível neutro de 100 pontos“, revelou o economista da FGV, Rodolpho Tobler.
Expectativas com o futuro melhoram
De acordo com o FGV IBRE, o ICS é composto por dois indicadores. O primeiro é o Índice de Situação Atual (ISA-CST), que caiu 2,6 pontos em fevereiro, para 91,0 pontos, menor nível desde março de 2022 (90,9 pontos). Aliás, foi este indicador que puxou o ICS para baixo em fevereiro.
Por outro lado, o segundo componente do ICS, o Índice de Expectativas (IE-S), subiu 1,9 ponto em fevereiro. Com isso, o indicador chegou a 87,4 pontos, após quatro meses consecutivos de queda.
“O resultado desse mês se mostra heterogêneo. Os indicadores que retratam a percepção com o momento presente, mantiveram a trajetória negativa, indicando demanda fraca no início do ano. Por outro lado, os indicadores sobre o futuro parecem reagir, mas ainda não são suficientes para reverter a tendência negativa dos últimos meses”, explicou Tobler.
“O horizonte ainda não é muito animador, dado que desafios macroeconômicos devem permanecer e impactar negativamente o setor ao longo de 2023”, acrescentou o economista.
O FGV IBRE destacou que os últimos resultados do Índice de Confiança de Serviços (ICS) refletem um cenário negativo no país. “Nos últimos 4 meses, cerca de 70% ou mais dos segmentos estavam em queda, indicando que é um movimento amplo do setor, não apenas alguma categoria isolada puxando o resultado para baixo”, explicou a entidade.
Confiança da indústria também recua em fevereiro
Os empresários industriais do país também se mostraram mais pessimista em fevereiro. Segundo o FGV IBRE, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 1,1 ponto no mês passado, para 92,0 pontos.
Em síntese, esse é o menor nível desde julho de 2020 (89,8 pontos), ou seja, em quase dois anos. Isso mostra que os empresários da indústria brasileira estão tão pessimistas quanto em meados de 2020, quando o mundo enfrentava os primeiros meses da pandemia da covid-19.
Da mesma forma que o Índice de Confiança de Serviços (ICS), taxas do ICI abaixo de 100 pontos também refletem pessimismo do setor. No entanto, nesse caso, o pessimismo dos empresários industriais foi um pouco menor que o observado nos serviços.
“Em fevereiro, a confiança da indústria apresentou nova queda refletindo maior cautela dos empresários quanto o futuro dos negócios. O resultado, contudo, é bem heterogêneo com perspectivas mais favoráveis para a categoria de bens não duráveis” disse Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.
“Apesar de ligeira melhora da demanda interna, os resultados mostram aumento do nível dos estoques”, acrescentou.
Indústria está menos confiante com o futuro
Em resumo, o ICI possui dois componentes, um sobre o presente e outro que reflete as expectativas com o futuro. Em fevereiro, o Índice Situação Atual (ISA) recuou 0,3 pontos, para 92,8 pontos. A leve queda não impactou de maneira muito intensa o ICI no mês.
Por sua vez, o Índice de Expectativas (IE) teve uma queda ainda maior, de 1,8 ponto, para 91,4 pontos. Esse é o menor nível do indicador desde julho de 2020 (90,5 pontos).
Embora ambos os componentes do ICI tenham recuado no mês, refletindo pessimismo dos empresários, ambos seguem acima de 90 pontos. Entretanto, o FGV IBRE destacou a queda do IE, que reflete as expectativas para o futuro.
“As perspectivas futuras voltam a ficar mais pessimistas com empresários projetando queda na produção e nas contratações para o primeiro semestre. O cenário ainda parece indefinido para a indústria, com sinais diversos entre os diversos segmentos”, explicou Stéfano Pacini.
Por fim, a queda da confiança da indústria em fevereiro foi observada em 8 dos 19 segmentos industriais pesquisados. Em outras palavras, a queda foi heterogênea, impulsionada principalmente pelas expectativas com o futuro.