A população brasileira só deve retornar ao nível de riqueza antes da pandemia em 2023 e recuperar o patamar de 2013 do PIB per capita (Produto Interno Bruto) – o maior da história – daqui uma década. Os dados fazem parte de levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
“O risco de um cenário pior para o ano que vem é mais provável do que de um aumento nas projeções para o PIB – o que significará também uma taxa de crescimento muito baixa do PIB per capita. Será abaixo de 1% com certeza. Ou seja, ainda não recupera o patamar de 2019”, afirmou ao G1 a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV e autora do levantamento
O PIB per capita é diferença entre o que é produzido pelo número de pessoas. No ano passado, a queda do PIB foi de 4,1% e do PIB per capita de 4,8%, significando R$ 35.172 por habitante.
Para este ano, o PIB poderá crescer 4,1% – o que coloca o Brasil 0,9% mais pobre em relação a 2019 e -inferior em 7,5% se comparado a maior alta em 2013. Já em 2022, a previsão de aumento do PIB é de apenas 0,8% – o que ainda deixa o país em nível inferior a antes da pandemia.
“Um cenário base de crescimento do PIB per capita de 1% ao ano é bem factível. Só que, mesmo assim, a gente só voltaria ao patamar de 2013 em 2029. Ou seja, precisaria de uma década para voltar ao patamar do pico de 2013. É muito difícil imaginarmos alguma coisa melhor que isso”,
Pandemia foi responsável pela queda do PIB?
Não exatamente, isso porque os resultados atuais foram impactados pela recessão de 2014 e 2016, além da retomada insuficiente no outros anos antes da pandemia.
“A gente sempre gosta de apontar um culpado pela nossa mediocridade. Mas, antes da pandemia, o PIB já estava rateando bastante. 2019 já foi um ano relativamente ruim, com alguns trimestres negativos, a gente ainda estava 6,7% abaixo do patamar de 2013”, explica a pesquisadora. “Temos uma nova crise gerada pela pandemia, mas os nossos desafios de crescimento permanecem”, completa.
Neste cenário, o desemprego também é uma realidade com níveis que atingiram 13,7% no último trimestre encerrado em julho, ante aos números de 2013 e 2014, em que a taxa de desocupados chegou a níveis de 6,8%. Além disso, a renda média do brasileiro também caiu.
“Temos um choque inflacionário num contexto de uma renda do trabalho que não cresce. Ou seja, o emprego cresce, mas a renda não vem junto porque é muita gente ainda querendo voltar ao mercado de trabalho. A inflação corrói o poder de compra e não tem muito por onde escapar, porque até mesmo o crédito está ficando mais caro”, explica a economista.