Os analistas do mercado financeiro continuam se mostrando mais otimistas em relação ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023. Nesta semana, as projeções para a economia brasileira ficaram mais positivas, assim como aconteceu nas semanas anteriores.
O Banco Central (BC) revelou nesta segunda-feira (6) a nova atualização do relatório Focus. Em resumo, este boletim traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país. E, nesta atualização, as projeções dos analistas para o crescimento do PIB do Brasil subiram de 0,84% para 0,85%.
Embora a elevação tenha sido bem tímida, próxima da estabilidade, reflete o maior otimismo do mercado financeiro em relação à atividade econômica brasileira em 2023. No entanto, o avanço deverá ser três vezes menor que o registrado em 2022, quando o PIB brasileiro cresceu 2,9%, na comparação com 2021.
Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,50% pela décima semana consecutiva, ou seja, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, na comparação com 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar bem menores no país.
Estimativas para a inflação se mantêm estáveis
Nesta atualização do relatório Focus, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a inflação no Brasil em 2023. Em suma, as projeções continuaram apontando uma taxa inflacionária de 5,90%, assim como na atualização anterior do boletim.
Em outras palavras, os analistas se mostraram mais otimistas nesta semana. Isso porque, por um lado, o crescimento do PIB brasileiro avançou. Por outro lado, as projeções para a inflação não avançaram, assim como vinha ocorrendo nas últimas semanas.
Por falar nisso, o termo inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. Assim, quanto mais elevada estiver a taxa inflacionária, mais a população tende a sofrer para adquirir itens e contratar serviços no país.
Vale destacar que as novas projeções continuam mantendo a inflação bem distante da meta para este ano. E isso não é um dado positivo para o Brasil, que busca fechar o ano com uma taxa abaixo dessa taxa, cumprindo a meta definida.
Para 2024, as projeções dos analistas também se mantiveram estáveis em 4,02% ela segunda semana, após cinco avanços consecutivos.
Veja como é definida a meta da inflação
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. A partir destes dados, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, isso quer dizer que ela foi formalmente cumprida, mesmo que não supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, algo bastante negativo para a população, que sofre com preços ainda mais caros de produtos e serviços.
Taxa inflacionária pode voltar a subir no Brasil
Em 2023, os brasileiros poderão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Isso porque o governo federal voltou a arrecadar impostos sobre combustíveis na semana passada, e estes itens impactam de maneira expressiva a taxa inflacionária no país.
Em síntese, os desafios mais recentes começaram em 2020, com a pandemia da covid-19, que impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial.
Isso reduziu a oferta em 2021, período em que a demanda começou a se recuperar. Como a procura estava maior que a oferta, o mundo passou a enfrentar um aumento expressivo nos preços de bens e serviços.
Em 2020, a pandemia também provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta. Assim, as pessoas não conseguiram manter os mesmo hábitos de consumo, uma vez que a renda diminuiu, mas os preços só fizeram subir.
No ano passado, as cadeias globais de suprimentos começaram a se estabilizar, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia, fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024. Enquanto isso, os juros deverão se manter elevados por mais algum tempo.