Desde o início do ano, as micro e pequenas empresas (MPE) vem puxando a criação de empregos formais no Brasil. Dentre os 1,33 milhão de postos de trabalho formais criados no país, de janeiro a junho, quase 970 mil foram originados de pequenos negócios. A porcentagem é de 72,1% do total de empregos.
Estes são dados do levantamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O estudo levou como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. No estudo foi observado que o desempenho das MPE foi muito superior do que as médias e grandes empresas, sendo que estas abriram 279,1 mil vagas até metade de 2022.
Durante o mês de junho, os pequenos negócios foram os principais responsáveis pela abertura de 63,6% das vagas formais. Esta porcentagem representa 176,8 mil de um total de 277,9 mil postos de trabalho criados. Por outro lado, as médias e grandes empresas foram responsáveis por abrir 73,9 mil vagas, valor este que representa 26,6% do total.
Empresas ativas no Brasil
Com relação ao número de empresas e outras organizações ativas no país, este número cresceu 3,7% entre 2019 e 2020, valor este que representa 5,4 milhões de empresas abertas.
Contudo, mesmo após este aumento, o número de pessoas ocupadas assalariadas em empresas diminuiu 1,8% no mesmo período, ou seja, 825,3 mil postos de trabalho formais a menos no país. Estes são dados da pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2020 divulgada no dia 23 de julho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esta é a primeira vez, desde 2008, em que a queda no número de assalariados ocorreu ao mesmo tempo em que houve aumento expressivo no total de empresas. De acordo com o IBGE, este movimento pode ter sido ocasionado pelas pessoas que foram demitidas e tentaram abrir o próprio negócio.
“A gente não imagina, em período de forte crise econômica, ter aumento de empresas. Mas, ao mesmo tempo, isso é explicado pelo crescimento de empresas que não possuem assalariados”, disse o gerente da pesquisa do IBGE, Thiego Ferreira.
“Apesar de todos os esforços, inclusive políticos, e das políticas públicas para manter os empregos, ocorreram, naturalmente, demissões. Muita gente teve redução na renda ou porque foi demitida ou porque teve diminuição da jornada de trabalho e isso pode ter motivado a busca dessas pessoas por abrirem seus próprios negócios”, argumentou.
Setores geradores de emprego
Ao analisar na divisão por setores da economia, no acumulado do ano, os pequenos negócios foram os responsáveis pelo saldo positivo na criação de empregos. Entre as micro e pequenas empresas, o setor que se destacou foi o de serviços, gerando 533 mil vagas. Apenas em junho, o segmento abriu 78 mil postos.
Já os setores de construção civil e a indústria de transformação aparecem logo em seguida, com 168,8 mil e 126,3 mil empregos gerados, respectivamente. Com relação ao setor de comércio, as MPE criaram 90,6 mil postos de trabalho durante os meses de janeiro a junho. Em contrapartida, as médias e grandes empresas fecharam 42,8 mil vagas no mesmo período para este setor.