Víctor Hugo Cárdenas, ministro da Educação da Bolívia anunciou neste domingo, 12, que em 2020 não haverá reprovação dos estudantes.
A decisão foi tomada por conta da defasagem escolar em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Este ano não haverá reprovação alguma de nenhum estudante nos níveis pré-escolares, fundamental e médio”, revelou o Cárdenas em entrevista coletiva. “Não é admissível falar de reprovação dos estudantes (no contexto na pandemia)”, continuou o ministro.
Educadores e responsáveis preocupados
A necessidade da suspensão das aulas fez pais e responsáveis dos alunos ficarem preocupados com a situação da aprendizagem. Do mesmo modo, professores passaram a enxergar a realidade, pois os conteúdos conferidos a distância não estavam chegando para todos e nem surtindo muito efeito.
Os questionamentos, então, aumentaram exacerbadamente. Assim como no Brasil, grande parte dos lares bolivianos não possuem conexão à internet. Além disso, a renda das famílias caiu muito, uma vez que por lá as demissões também têm ocorrido com força e quem manteve seus empregos ainda não podem retornar à ativa como antes.
Embate de professores e ministro da Educação da Bolívia
O ministro da Educação boliviano diz que tentou por diversas vezes conversar com os educadores e sindicatos a respeito da situação educacional no país em meio à pandemia.
Cárdenas disse que lamenta a falta de respostas aos convites para dialogar com a mediação da Igreja Católica. Segundo o ministro os sindicatos estão exigindo “retorno imediato às aulas presenciais”, mas que isso não é possível porque a curva de contaminados só cresce. Para se ter uma ideia, a Covid-19 deixou até agora na Bolívia 1.754 mortos e mais de 47.000 contágios.
Devido às pressões sindicais que têm ocorrido na Bolívia, o ministro ameaçou a antecipação do encerramento do ano letivo. “Se a teimosia e a polarização da dirigência do magistério continuarem, o cenário do encerramento do ano escolar é uma alternativa”, advertiu.
Do outro lado, professores de áreas rurais iniciaram na última sexta, 10, uma marcha até a sede do governo para reivindicar o recuo do governo a respeito da decisão sobre o ensino remoto na pandemia e também pedir a renúncia do ministro da Educação.
Na próxima terça-feira, 14, está marcada uma manifestação para defender o caráter público da saúde e da educação, liderada por dirigentes da Central Operária Boliviana, ligada ao ex-presidente da Bolívia, Evo Morales.