O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, apontou diversas falhas no combate a pandemia e ainda alegou que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, preferiram focar na economia, do que na saúde. As informações são do Correio Braziliense.
As declarações fazem parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 nesta terça-feira (04). Mandetta afirmou que apesar de ter acesso ao segundo escalão, Guedes não atendia ligações e se mostrava alheio a questão da saúde no país e gravidade da pandemia da Covid-19.
. “O distanciamento da equipe econômica era real. Não posso negar. Eu dialogava com o segundo escalão sobre algumas questões, mas entre ministros, telefonemas, recados para conversar com ministros não eram respondidos”, contou.
“Algumas reuniões no ambiente de gabinete de ministros, havia uma visão muito menor da gravidade. Eu dizia que a crise ia longe, e o ministro falava que o Brasil cresceria 2,5%, mas que, com a Covid, cairia para 2%, meio por cento do PIB. Eu disse que não estavam compreendendo o tamanho da confusão”, recordou.
Covid-19: efeito rebanho que duraria pouco tempo
O ex-ministro da Saúde ainda alegou que a equipe econômica, chefiada por Guedes, acreditava que pandemia teria um efeito rebanho e terminaria entre setembro ou outubro de 2020. Esse pensamento também seria responsável, de acordo com ele, a liberação do auxílio emergencial de R$ 600.
O governo acreditava que depois de quatro meses a questão da saúde no Brasil estaria diferente e não seria necessária a renovação do auxílio emergencial. “Não vendo que a doença estava só no primeiro terço”, contou.
“Sempre houve um distanciamento. Pautar decisões econômicas em um momento de epidemia, de saúde, me parece que teria sido necessário que os ministérios tivessem notas técnicas conjuntas. Muitas tomadas de decisão acabaram sendo equivocadas até por pessoas do mercado, que estavam com seus empreendimentos, que precisavam saber qual é a perspectiva. Para onde vamos”, disse Mandetta.
“Eu disse quando (a pandemia) ia crescer, ser o aumento, estabilizar, cair, o intervalo para segunda onda, o número de mortes em 2020, e até o fim da pandemia. Todas essas informações eles tinham. Sobre o porquê de pautarem de maneira diferente, fico em dívida”, continuou.
Saúde e economia andam lado a lado
Mandetta também defendeu que economia e saúde andam lado a lado. “Em um momento que mais ameaça a economia é um problema de saúde, dedução minha. Se fosse de outra área e eu fosse o ministro, iria até o ministro e pediria que me explicasse o que está acontecendo para eu pautar minhas ações. Mas nunca aconteceu, e o presidente repetia esse mantra que ‘entre saúde e economia, prefiro economia’, quando é um falso dilema. Todas as sociedades que não resolveram a saúde, demoraram o dobro do tempo para melhorar a economia”,