Pandemia acelerou digitalização da educação em pelo menos dez anos

Com o fechamento de inúmeras escolas ao redor do mundo, a saída foi digitalizar às pressas e tentar resolver novos desafios que nem haviam sido imaginados

Na opinião de Sal Khan, fundador da Khan Academy, a crise gerada pelo novo coronavírus trouxe mudanças históricas para a educação e, uma delas, é a aceleração da digitalização do ensino em pelo menos dez anos.

Com o fechamento de inúmeras escolas ao redor do mundo, a saída foi digitalizar às pressas e tentar resolver novos desafios que nem haviam sido imaginados. Isso causou o processo de digitalização do setor que, nos últimos três meses, a plataforma on-line de educação recebeu 20 vezes mais pedidos de registrados por parte de pais e responsáveis.

Estudantes e educadores registraram um aumento de dez vezes nos pedidos de registro na plataforma.  “A pandemia está mostrando que o aprendizado não deve se restringir ao tempo e espaço”, afirma Sal.

Para dar conta da demanda, o fundador organizou ações de emergência, como reforçar os servidores da plataforma e lançar séries especiais para pais, responsáveis e educadores. “A ideia era mostrar como a Khan Academy poderia ajudá-los nesse momento difícil”, diz. “Eu entendo que esse é um período crucial que não deve ser desperdiçado. A minha preocupação é com o momento de reabertura das escolas. Como vamos garantir que esses estudantes não sofreram um atraso na sua educação?”, afirma Sal Khan.

Em entrevista a Época NEGÓCIOS, Sal afirmou que no meio desse processo de mudanças, entre uma tecnologia e um professor, ele sempre vai escolher o professor. “Eu me considero um propagador de um ensino que tire o máximo de proveito dos dois mundos: o da tecnologia e o da interação humana. Meus filhos estudam em uma escola normal, não em uma virtual, por exemplo. Acredito que a escola e a interação humana têm um papel fundamental especialmente em jovens estudantes. Mas o ideal é mesclar as duas técnicas. Na verdade, o que sempre preguei é que o aprendizado não deve se restringir ao tempo e espaço. As pessoas deveriam ser capazes de aprender de maneira contínua, seja fora da escola ou durante as férias de verão. E a crise está nos forçando a enxergar essa questão com mais cuidado, mostrando que ferramentas do mundo digital podem ajudar estudantes nesse sentido”, disse na entrevista.

Quando se fala em estudantes que não têm acesso a internet ou computadores, como já foi muito divulgado no país desde que as aulas presenciais foram suspensas, o fundador diz que o problema ganhou um novo olhar. “A prefeitura de Nova York conseguiu em poucas semanas uma doação de 300 mil notebooks conectados à internet para famílias com menos condições. Essa é uma implicação que afeta diretamente um dos principais argumentos contra o ensino à distância: que é a falta de acesso por parte da população. Com a crise, esse problema ganhou um novo olhar. É um ponto positivo, por assim dizer”. Fonte: Época NEGÓCIOS

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