O que fazer para evitar o estresse no período de concursos públicos

A Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional aprovou, recentemente, parecer que libera a oferta de cerca de 54 mil vagas para os poderes legislativo, executivo e judiciário. Fora isto, a previsão é que, em 2021, mais de 500 mil vagas em concursos públicos deverão ser ofertadas em níveis nacional, estadual e municipal, além das autarquias e das agências nacionais de regulação. Isto se deve pela retenção na oferta dos concursos públicos no ano passado, em função da pandemia.

Além da possibilidade de uma carreira estável, os concursos têm sido uma saída para aqueles que querem ganhar um salário generoso, se levarmos em conta a realidade do salário mínimo que hoje está em R$1.100,00.

Entretanto, assim como mudou o cenário no mercado de trabalho, com a inserção do trabalho remoto, os concurseiros da pandemia também tiveram que remodelar seus métodos de estudos, muitos deles recorrendo à formação específica em cursos ofertados a distância.

Conforme a psicóloga Ana Luiza Casasanta Garcia, doutoranda em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, todas estas mudanças nas rotinas dos concurseiros, mais a pressão dos estudos e, muitas vezes, a necessidade de passar nas provas, pode causar estresse profundo prejudicando, inclusive, o rendimento destes candidatos nas provas.

Ana Luiza diz que, antes de qualquer coisa é preciso pensar quem são as pessoas que estão prestando concursos ou, pelo menos, identificar por meio de que categorias sociais estas pessoas se constituem. A psicóloga explica que “estes estudos poderiam apontar quais os recursos emocionais e psicológicos que este público tem para a realização deste processo”. Isto, explica ela, envolve toda a conjuntura social, politica e econômica na qual estão inseridos os concurseiros.

“Além disso, aspectos como a sensação de conquista perante a sociedade, a estabilidade financeira e a ‘vida tranquila’ almejada pela aprovação, também podem gerar sentimentos ansiógenos, como a angústia”. A psicóloga complementa afirmando que também podem aparecer sintomas como os da síndrome do impostor, estados depressivos, dificuldade em gerir frustrações e baixa autoestima, que afetam diretamente a saúde mental dos indivíduos.

Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, saúde significa “um completo estado de bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Na visão de Ana Luiza, a partir desta definição, “podemos entender que a saúde mental não estaria ligada à ausência de alguma doença mental e sim como um estado de bem estar social em que existe um equilíbrio mental e psicológico”.

A psicóloga alerta que é preciso detectar o quanto antes se estes fatores estão em desalinho, já que os sintomas podem ser físicos e/ou psicológicos. “ Ansiedade, por exemplo, que provavelmente a uma das principais doenças mentais da atualidade, pode trazer inquietude, irritabilidade, taquicardia, insônia e sudorese, entre outros. Já na síndrome do impostor podemos identificar a autosabotagem, adiamento de tarefas, necessidade de agradar aos outros, comparação com outros indivíduos e o sentimento constante de não ser bom/boa o suficiente”.

Mas o que fazer quando algum destes sintomas é identificado?

Ana Luiza explica que o primeiro passo é buscar sessões de psicoterapia que podem auxiliar na construção e identificação de recursos emocionais que serão essenciais para enfrentar estes desafios. “Além disso, técnicas específicas como exercícios de relaxamento, fortalecimento da rede de apoio, manter tempo livre na rotina diária para atividades que tragam bem estar, são algumas delas”, afirma.

Para evitar os sintomas, a psicóloga recomenda uma atenção especial consigo mesmo, entendendo em quais processos o indivíduo está inserido. A ajuda profissional, a compreensão de quais são os seus limites e potencialidades e quais são as suas reações diante de situações desagradáveis também pode ajudar a manter a saúde mental. Ana Luiza finaliza, afirmando que o fortalecimento pessoal, o aumento da autoestima e da autoconfiança, além de uma boa rede de apoio podem ajudar muito no processo preventivo.

Para os especialistas em preparação para concursos, além de manter a saúde mental a partir dos aspectos psicológicos e emocionais, é preciso reduzir o estresse diário com algumas soluções práticas. Uma delas é o planejamento do tempo dedicado aos estudos.

A sugestão destes especialistas  vai ao encontro da ideia de estabelecer tarefas e ações organizadas, dentro de um período de tempo possível, proposto para este objetivo, e estabelecer metas que possam ser cumpridas,  sem que isto se torne uma fonte de angústia. Desta forma, conforme os experts no assunto, fica mais fácil manter o foco nos estudos.

Para estes especialistas, estabelecer objetivos a longo prazo requer disciplina, tanto para a realização das tarefas diárias como para o controle das emoções. Também o equilíbrio entre saúde física, mental, emocional e até espiritual é fundamental para ir bem nos estudos e alcançar êxito nas provas.

Uma dica importante: para a psicóloga Ana Luiza, “em tempos de pandemia, é preciso encarar o adiamento da provas como um período em que o candidato tem uma segunda chance para se preparar mais”.

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