A taxa Selic é um dos principais indicadores da economia brasileira, sendo responsável por controlar a inflação e influenciar diversos aspectos da vida financeira de pessoas físicas e jurídicas. Recentemente, houve uma redução na taxa Selic, o que gerou expectativas e debates sobre o impacto dessa queda nos investimentos e no endividamento.
O que é a taxa Selic?
A taxa Selic, ou Sistema Especial de Liquidação e Custódia, é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e serve como referência para as demais taxas de juros do mercado. A taxa Selic é utilizada pelo Banco Central como uma ferramenta para controlar a inflação, através do aumento ou redução dos juros.
A queda da taxa Selic e suas consequências
No início de agosto, o Copom do Banco Central reduziu a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. Essa foi a primeira queda nos juros do mercado desde agosto de 2020. Essa redução é vista como promissora a longo prazo e tem o potencial de influenciar positivamente tanto pessoas físicas quanto jurídicas.
Impacto no endividamento
Uma das principais consequências da queda da taxa Selic é a redução do endividamento. Com a diminuição dos juros, as pessoas podem sentir a redução nas taxas de cartão de crédito, empréstimos pessoais e juros do comércio. Além disso, as empresas também se beneficiam dessa queda, pois têm mais segurança para contratar mão de obra e realizar investimentos a longo prazo.
De acordo com especialistas em finanças pessoais, como Carol Stange, essa redução dos juros tende a influenciar a diminuição das dívidas ao longo do tempo. Um exemplo disso é a queda de 0,4 ponto no endividamento das famílias brasileiras em julho de 2023, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Impacto nos investimentos
Para quem está interessado em investir, a queda da taxa Selic requer uma análise mais cuidadosa na escolha dos investimentos. É importante entender quais são os objetivos financeiros pessoais, como viagens, compra de imóveis ou aposentadoria. A partir disso, é possível determinar quanto dinheiro é necessário investir e por quanto tempo.
Segundo Carol Stange, a escolha do investimento adequado também depende do prazo. Investimentos de curto prazo podem ser mais arriscados, como ações, que oferecem um potencial de retorno mais alto. Já investimentos de longo prazo podem ser mais conservadores, como títulos do governo. É fundamental diversificar a carteira de investimentos, incluindo ativos como ações, títulos públicos e privados, e fundos de investimento.
Tipos de investimentos e a queda da taxa Selic
A queda da taxa Selic pode afetar diferentes tipos de investimentos. Vamos analisar como cada um deles é impactado por essa redução.
Investimentos pós-fixados
Os investimentos pós-fixados são aqueles cuja rentabilidade está diretamente ligada à taxa Selic. Com a queda da taxa básica de juros, esses investimentos tendem a render menos. No entanto, eles ainda podem ser vantajosos, principalmente em um cenário de retornos na casa dos dois dígitos.
Um exemplo de investimento pós-fixado é o Tesouro Selic. Ele mantém a rentabilidade de 13,25% ao ano, além de oferecer facilidade de aplicação e segurança. Esse investimento é uma das opções mais indicadas para a reserva de emergência, pois possui baixo risco e liquidez diária.
CDBs pós-fixados
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) também são afetados pela queda da taxa Selic. No entanto, eles possuem outras vantagens para os investidores. Os CDBs são considerados uma das aplicações mais seguras do mercado, não sofrendo com as oscilações e ainda tendo a rentabilidade atrelada a uma taxa de referência, como o CDI.
Além disso, os CDBs contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que garante a devolução do valor investido em caso de problemas com a instituição financeira. Algumas instituições oferecem taxas que superam a Selic e o CDI, sendo importante analisar as opções disponíveis e o prazo de vencimento.
Investimentos prefixados
Os investimentos prefixados são aqueles em que a taxa de juros é fixa desde o início da aplicação. Eles não estão diretamente atrelados a nenhum índice, como o Tesouro Selic. No entanto, a rentabilidade desses investimentos pode ser influenciada por índices econômicos, como as projeções dos juros futuros negociados na Bolsa de Valores.
Títulos como o Tesouro Prefixado podem ter um desempenho melhor em um cenário de queda da taxa Selic. Isso ocorre porque o investidor tem previsibilidade sobre a taxa de retorno desde o momento da compra. No entanto, é importante ressaltar que o investidor só recebe a taxa acordada se mantiver o título até o vencimento.
Investimentos atrelados à inflação
Existem também os investimentos atrelados ao IPCA, o índice oficial de inflação do Brasil. Um exemplo disso é o Tesouro IPCA+. Esse investimento tem a remuneração composta pela variação do IPCA durante o período de investimento, mais uma taxa fixa.
Investir em títulos atrelados à inflação pode garantir ganhos acima da inflação, preservando o poder de compra do dinheiro investido. Além disso, a marcação a mercado pode valorizar esses títulos, atualizando seus preços diariamente.
Impacto na Bolsa de Valores
A queda da taxa Selic não impacta apenas os investimentos de renda fixa, mas também a Bolsa de Valores. Antes mesmo da decisão do Copom, houve uma valorização das ações na Bolsa de Valores.
Setores como o varejo e a construção civil tendem a se beneficiar da queda dos juros. Uma taxa de juros menor pode impulsionar o consumo e melhorar os resultados das empresas. No caso do mercado imobiliário, a taxa Selic influencia o financiamento para a compra e construção de imóveis, o que também impacta positivamente os fundos imobiliários.