O cenário econômico global está em constante evolução, e as estratégias de produção e exportação também estão se adaptando para se adequarem às mudanças no ambiente de negócios.
O potencial do Nearshoring e Onshoring para o Brasil: uma oportunidade de US$ 8 bilhões
Um dos movimentos mais significativos nesse sentido é o Nearshoring, uma prática que envolve a reaproximação das cadeias de produção globais, e o Onshoring, que refere-se à produção dentro do próprio mercado final.
No contexto latino-americano, o Brasil emerge como um dos principais beneficiados por essas tendências, com a capacidade de gerar até US$ 8 bilhões em exportações adicionais. Entenda como o Brasil está se posicionando para aproveitar essas oportunidades e os desafios que enfrenta.
Qual é o potencial do Nearshoring na América Latina?
Um estudo da consultoria estratégica alemã Roland Berger revelou que a América Latina pode aumentar suas exportações em impressionantes US$ 78 bilhões anualmente graças ao crescimento do movimento de Nearshoring nos próximos anos.
Desse modo, esse movimento é uma resposta às mudanças geopolíticas e econômicas recentes. Tais como a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, os impactos da pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia, que afetaram o preço da energia e o acesso a commodities.
Assim sendo, o Brasil está na linha de frente desse movimento na região, ocupando o segundo lugar na lista de países mais beneficiados, atrás apenas do México. Com base nessa perspectiva, o Brasil pode aumentar suas exportações em até US$ 8 bilhões, impulsionando sua economia e criando novas oportunidades de emprego.
Quais são os fatores que favorecem o Brasil?
O Brasil possui diversos fatores que o tornam um candidato ideal para se destacar no cenário do Nearshoring e Onshoring. Cristiano Doria, sócio-diretor de Indústria da Roland Berger, destaca que o país possui um mercado consumidor significativo, relações comerciais sólidas com a América Latina e os EUA, ampla capacidade de produção, disponibilidade de matérias-primas e uma matriz energética renovável sólida.
Além disso, um setor da economia brasileira que pode colher benefícios significativos dessas práticas é o automotivo. Isso porque após enfrentar desafios devido à pandemia e à crise de semicondutores, o setor ainda se depara com um mercado interno de consumo limitado.
Dessa forma, isso resulta em uma capacidade produtiva ociosa de cerca de 2 milhões de veículos por ano. Contudo, com o crescimento do Nearshoring, as exportações de veículos e autopeças têm se recuperado mais rapidamente do que as vendas internas, mostrando um potencial significativo para a produção e exportação desses produtos.
Desafios e oportunidades
Por outro lado, o Onshoring, ou produção local, pode impactar diretamente a indústria de autopeças. Uma vez que as importações atuais atingem a marca de US$ 19 bilhões ao ano. Portanto, investir na produção local não apenas reduziria essa dependência das importações, mas também encurtaria as cadeias produtivas, diminuindo riscos e melhorando a flexibilidade.
Um exemplo concreto de como o Brasil pode se beneficiar com o Nearshoring e Onshoring é a chegada de fabricantes automotivos chineses ao país. Visto que essa iniciativa não apenas aumenta a oferta de veículos híbridos e elétricos no mercado brasileiro, mas também impulsiona a competição e torna esses veículos mais acessíveis aos consumidores locais.
Além disso, esses fabricantes buscam transformar o Brasil em um hub automotivo regional, aproveitando a demanda contínua por veículos à combustão e híbridos na América Latina.
Mudanças mercadológicas
No entanto, há desafios significativos a serem superados. O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia pode não ser tão vantajoso para o Brasil se a indústria local não conseguir reduzir o atraso de competitividade em relação à indústria europeia.
Em suma, esse desafio é especialmente evidente no setor automotivo, onde o Brasil pode perder participação tanto no mercado interno quanto nos mercados-chave dentro do Mercosul.