“Muito difícil”. Este foi o termo utilizado pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MBD) quando perguntado sobre a possibilidade de liberar o sistema do Uber Motos na capital paulista. O gestor citou dados recentes que apontam para um aumento no número de trabalhadores hospitalizados após acidentes de motos na cidade.
Nunes também citou a complexidade do trânsito na capital paulista como um outro entrave para a abertura desta modalidade de trabalho. A empresa Uber chegou a anunciar na última semana que São Paulo começaria a adotar este novo sistema, mas a prefeitura suspendeu esta abertura e criou uma espécie de grupo de trabalho para discutir o tema.
“A grande preocupação é com a segurança das pessoas”, disse Nunes em entrevista para a Rádio Eldorado na manhã desta terça-feira (10). De toda forma, ele disse que o assunto não está encerrado e que ainda deve dialogar com a empresa para tomar uma decisão final sobre este assunto nos próximos dias.
“As questões relacionadas a acidente de motos levam a situações gravíssimas, inclusive óbitos. Então, não é possível que a cidade de São Paulo vai poder assistir a uma empresa que é importante para a cidade, sediada aqui, fazer alguma atividade sem que nos apresenta qual é o plano, quantas pessoas podem ser transportadas, se tem segurança, se vai ter o capacete”, disse o prefeito.
“Precisamos salvar as vidas. Não posso deixar que qualquer atividade na cidade seja implementada sem que a gente possa garantir a vida das pessoas”, completou. Nunes lembrou ainda que o trânsito da capital de São Paulo movimenta 7 milhões de veículos e, só em dezembro de 2020, fez 6,5 vítimas a cada 100 mil habitantes.
Uber Motos
O Uber Motos é um sistema desenvolvido pela empresa Uber. A diferença para o serviço tradicional é que ao invés de usar um carro, o indivíduo vai solicitar uma moto para chegar ao seu destino.
Algumas cidades já possuem este serviço de motos, que é naturalmente mais barato do que o Uber Carros, mais tradicional em todo o país. Contudo, em todos os municípios há uma preocupação justamente com o número de acidentes.
Luciana Ceccato, diretora de marketing da Über no Brasil, minimizou estes riscos. “Antes de desembarcar nas duas maiores cidades brasileiras (São Paulo e Rio), a empresa passou mais de dois anos estudando o uso do produto em diversos lugares. Avaliamos o comportamento que o Über Moto teve em diferentes municípios brasileiros.”
Trabalhadores de app
Os trabalhadores de app devem estar no centro da discussão trabalhista nos próximos meses. O novo Ministro do Trabalho, Luiz Marinho disse em entrevista que deve enviar um novo projeto ao Congresso Nacional para alterar algumas regras para estas pessoas.
“Precisamos fazer uma regulação. Não é possível um trabalhador ter que trabalhar 16 horas para levar arroz e feijão para casa. Isso é semi-escravo. É preciso olhar do ponto de vista da valorização do trabalho, uma remuneração decente, cobertura social. E estamos falando de uma série de trabalhadores, não só motoboys e entregas.”
“Para os trabalhadores de app, vamos buscar um diálogo. E não estamos falando em regra rígida da CLT, pois nem esses trabalhadores desejam esse caminho da legislação tradicional trabalhista. Até as empresas de aplicativos manifestaram que desejam dialogar, e juntos criar uma cesta de possibilidades”, completou.