Novas projeções para o PIB e a inflação no Brasil surpreendem
A inflação no Brasil deverá subir menos que o esperado em 2023. Segundo a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, o indicador caiu pela segunda semana consecutiva.
De acordo com a publicação, a inflação no Brasil deverá encerrar este ano em 5,71%, taxa menor que a projetada na semana passada (5,80%). Aliás, há quatro semanas, as estimativas indicavam que a taxa fecharia o ano em 6,05%. Para quem não sabe, inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de produtos e serviços.
Em suma, os analistas reduziram as suas estimativas para a inflação no Brasil por apenas cinco semanas em 2023, com a maioria delas acontecendo mais recentemente. Nas demais atualizações, a taxa cresceu ou se manteve estável.
Contudo, as recentes reduções estão bastante expressivas, principalmente por causa da nova política de preços da Petrobras. O anúncio da mudança ocorreu há duas semanas e, junto a isso, a companhia também reduziu os preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha.
A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas na segunda-feira (29). Cabe salientar que, mesmo com a desaceleração, as projeções para a inflação continuam distantes da meta para este ano.
Isso é ruim para o país, que busca uma taxa inflacionária abaixo da meta definida, uma vez que há diversos benefícios quando isso ocorre.
Veja como ocorre a definição da meta da inflação
Em resumo, o Conselho Monetário Nacional (CMN) é o responsável pela projeção de uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
A saber, o Conselho Monetário Nacional é composto por:
- Presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto);
- Ministro da Fazenda (Fernando Haddad);
- Ministro do Planejamento e Orçamento (Simone Tebet).
Estimativas para o PIB brasileiro
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou pela terceira semana as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 1,20% para 1,26%.
Aliás, os analistas vêm elevando de maneira recorrente as estimativas para o PIB do país nas últimas semanas, o que indica maior otimismo para este ano. E a decisão da Petrobras ajudou a impulsionar essa taxa, que estava em 1,00% há quatro semanas.
Ainda assim, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022, mas vale destacar que essa é a terceira semana que as estimativas superaram 1%. Antes disso, todas as previsões indicavam um crescimento menor ou igual a esse patamar.
Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,30%, taxa bastante semelhante a deste ano. Em resumo, o PIB brasileiro deverá crescer com menos intensidade em 2023 e 2024 por causa dos impactos provocados pela pandemia da covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, cujos desafios ainda são muito presentes no mundo.
Por fim, os analistas estimaram pela sexta semana consecutiva que a taxa Selic ficará em 12,50% neste ano. Já para 2024, os juros deverão encerrar o ano em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros. Isso porque os juros elevados reduzem o poder do consumidor, mas eles são importantes para segurar a inflação no país.