Dentro de mais algumas semanas, o preço médio do litro da gasolina e do etanol poderá voltar a subir no Brasil. Mesmo depois do fim da Política de Paridade Internacional (PPI) e dos anúncios de quedas nos valores da Petrobras, o fato é que mais uma alta de impostos poderá ter impacto direto no bolso de milhões de brasileiros já a partir do mês de julho.
O novo aumento tem relação com o processo de reoneração dos combustíveis no Brasil. O Governo Federal decidiu retomar a cobrança de impostos sobre os combustíveis de maneira escalonada para que os consumidores não sentissem tudo de uma vez. O primeiro aumento ocorreu ainda no último mês de março, e o segundo deve ocorrer no próximo mês de julho.
Desta forma, o cidadão acaba vivendo uma espécie de gangorra de decisões. De um lado, a Petrobras toma medidas para reduzir os preços dos combustíveis, e do outro está o Governo Federal reonerando os valores que são pagos nas bombas. Esta mistura entre os dois lados vai definir se os motoristas deverão pagar valores mais caros pelo combustível a partir de julho ou não.
Petrobras pode cobrir
Uma das opções que estão na mesa do Governo Federal é pedir para que a Petrobras cubra os valores da reoneração para que os cidadãos não sintam a diferença nos preços dos combustíveis em julho. Em entrevista recente, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse que ainda não sabe se vai conseguir aplicar mais esta redução.
Segundo cálculos da estrategista de inflação da Warren Rena, Andréa Angelo, a Petrobras não terá uma tarefa muito fácil caso decida cobrir todo o rombo deixado pela reoneração. De acordo com estas projeções, a empresa teria que aplicar uma redução de nada menos do que 14% para que os consumidores não sintam o aumento que está programado para julho.
As projeções para os próximos meses
- Preço da gasolina em maio
Com a decisão de acabar com o sistema do PPI, e implantar uma nova redução nos preços da gasolina, a Petrobras será diretamente responsável por uma redução de até 2% nos preços médios do combustível no Brasil em maio.
- Preço da gasolina em junho
Para junho, a projeção de analistas é que o movimento de queda continue, já que boa parte dos postos demora para implantar as medidas de redução da Petrobras. Mas tal redução não será forte e não deve ultrapassar uma queda de 1,5%. Vale lembrar que a partir do próximo mês começa a valer a cobrança unificada do ICMS, que vai impedir que o preço da gasolina caia muito.
- Preço da gasolina em julho
Já para o mês de julho, entra em cena a segunda parte da reoneração do Governo Federal, quando começam a valer as cobranças completas de impostos como PIS/Cofins e Cide. A projeção aqui depende invariavelmente da decisão da Petrobras de cobrir mais este aumento de tributação ou não.
Em tese, a decisão vai ser anunciada dentro de mais algumas semanas. Considerando um cenário em que a Petrobras decida não se intrometer na decisão e deixar tudo da maneira como está, a projeção é de que o preço da gasolina suba mais de 5% a partir do mês de julho, justamente por causa do processo de reoneração.
Haddad diz que há espaço para redução da gasolina
Contudo, ao menos segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) não há motivos para preocupação. Em entrevista, ele disse que acredita que a Petrobras vai mesmo cobrir o valor da reoneração.
“Com o aumento (de tributos) previsto para 1º de julho, vai ser absorvido pela queda do preço deixada para esse dia. Nós não baixamos tudo o que podíamos. Justamente esperando o 1º de julho, quando acaba o imposto de exportação e acaba o ciclo de reoneração”, declarou o ministro da Fazenda.