Com o passar dos anos, as mulheres têm obtido uma importância cada vez maior no mercado de trabalho, e não só isso, também adquiriram maior presença nesse meio, com números de participação mais que dobrando entre os trabalhadores do país, nos últimos 50 anos.
A economista Laísa Rachter, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) utilizou os dados referentes a presença e aos salários de mulheres no mercado de trabalho e a evolução desses números, através do resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2020 e do censo referente ao ano de 1970 até 2010, para formular um estudo a respeito do tema.
Vale salientar que o censo é divulgado a cada dez anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), embora em 2020 ele tenha atrasado o anúncio dos resultados por conta da pandemia, já que sofreu com a falta de verba. E por conta disso, seus resultados ainda não tem previsão de serem divulgados.
Maior participação das mulheres no mercado de trabalho nos últimos 50 anos
Considerando todas as profissões, as mulheres tinham uma presença no mercado de trabalho de 20% no ano de 1970. Esses números apenas cresceram com o passar dos anos e alcançaram a proporção de 43% no ano de 2010.
Em 2020, até o 3º trimestre do ano, essa participação das mulheres teve uma pequena redução para 42%. Já nas profissões mais bem remuneradas, esses números chegam a ser ainda mais favoráveis às mulheres.
Pesquisas apontam que as 5 categorias mais bem pagas no Brasil, incluem:
- Engenheiros e arquitetos;
- Médicos e dentistas;
- Advogados;
- Economistas;
- Empresários.
Analisando essas categorias, a participação de mulheres no mercado de trabalho passou de 8% em 1970 e alcançou a marca de 41% no ano de 2010. Até o terceiro trimestre do ano de 2020, esse número chegou a 54%.
Comparação de salário entre homens e mulheres
As conclusões do estudo de Laísa Rachter foram divulgadas pela CNN Brasil e apontaram que a diferença salarial entre homens e mulheres dentro da mesma profissão, teve uma redução considerável nos últimos anos.
Mas quando analisamos as profissões mais bem remuneradas, essa diferença acaba não tendo uma redução tão grande assim e os dados a respeito mostram que as mulheres ainda ganham 67% do que recebem os homens na mesma profissão.
Essa proporção piorou desde o ano de 2010, quando era de 71%, apesar do avanço considerável visto a partir do ano 2000, quando as mulheres ganhavam 57% daquilo que os homens recebiam, nas 5 categorias mais bem pagas.
Em termos práticos, essa proporção de 67% em 2020 significa que dentro de uma mesma profissão, (considerando essas 5 categorias mais bem remuneradas) se um homem recebesse R$10.000, uma mulher receberia R$6.700.
Considerando todas as categorias de profissão, a igualdade entre os gêneros fica um pouco mais próxima na questão salarial. A proporção do salário feminino em relação aos homens só aumentou desde 1970, quando era de 50%, e chegou até o 3º trimestre de 2020 a 81%, frente a 74% em 2010.
Quanto maior a idade, maior desigualdade de salário entre os gêneros
Outra diferença marcante é quando ocorre o avanço da faixa etária: Entre pessoas com mais de 45 anos, a proporção do salário de mulheres em relação aos homens é de 62,1%, enquanto a mesma proporção é de 88,6% entre 20 a 29 anos, mostrando que quanto maior a idade, maior a diferença salarial entre os gêneros.
Referente a isso, a explicação da economista Laísa Rachter é de que “O que está acontecendo é que, dentro da mesma profissão, o homem vira diretor, vira CEO, e a mulher continua sendo apenas engenheira ou advogada.”
Segundo Laísa Rachter, através de informações da CNN Brasil, existe uma maior dificuldade das mulheres em se manter no mercado de trabalho continuamente, o que não facilita promoções, aumento de cargos e consequentemente maiores salários em suas carreiras.