O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um direito social assegurado aos trabalhadores brasileiros pela Constituição Federal. Criado em 1966, o FGTS tem como objetivo proteger o trabalhador em casos de demissão sem justa causa, além de ser uma fonte de recursos para financiamento de habitação, saneamento básico e infraestrutura.
A correção do saldo do FGTS é um tema de grande relevância, uma vez que afeta diretamente os trabalhadores e suas contas no fundo. Atualmente, a correção das contas do FGTS é feita pela Taxa Referencial (TR), mais 3% ao ano. A TR é calculada pelo Banco Central e tem sido alvo de críticas por não refletir adequadamente a inflação.
Essa forma de correção tem sido questionada na justiça, levando o tema a ser discutido no Supremo Tribunal Federal (STF).
Proposta do governo e mudanças na correção do FGTS
O governo federal tem buscado um acordo junto ao STF para alterar o índice de correção a ser aplicado nas contas do FGTS. De acordo com a proposta do governo, a correção das contas seria feita pelo índice da poupança a partir de 2025. Além disso, nos anos de 2023 e 2024, os cotistas teriam direito à distribuição integral do lucro anual do Fundo, tendo como piso de rendimento a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
Essa proposta tem como objetivo melhorar a rentabilidade das contas do FGTS, garantindo que os trabalhadores tenham uma correção mais adequada aos índices de inflação. Além disso, busca-se preservar o patrimônio dos trabalhadores e garantir que o uso do Fundo para políticas públicas, como habitação e saneamento, não seja afetado.
No entanto, é importante destacar que essa mudança na remuneração das contas do FGTS valeria apenas para os novos depósitos, a partir da publicação da ata do julgamento. As contas já existentes continuariam sendo corrigidas pela forma atual, com a TR mais 3% ao ano.
Posicionamento do STF e argumentos das centrais sindicais
O relator do processo no STF, ministro Luís Roberto Barroso, já deixou claro que não concorda com a atual fórmula de correção das contas do FGTS. Em seu voto, Barroso defende que a rentabilidade dos saldos do FGTS corresponda, no mínimo, à remuneração da poupança. Ele argumenta que a poupança é uma aplicação conservadora e destaca que o FGTS é um direito social assegurado aos trabalhadores pela Constituição.
O julgamento foi paralisado após um pedido de vista do ministro Nunes Marques. Diante disso, as centrais sindicais solicitaram a retirada do tema da pauta, para que haja tempo hábil para negociações com representantes do Ministério do Trabalho, da Caixa Econômica Federal e da Advocacia-Geral da União (AGU).
As centrais sindicais argumentam que buscam uma solução que não afete o uso do Fundo para políticas públicas, como habitação e saneamento, e que também preserve o patrimônio dos trabalhadores. Elas destacam a importância de garantir a correção adequada das contas do FGTS, mas ressaltam a necessidade de se buscar alternativas que não prejudiquem o financiamento habitacional, como o programa Minha Casa, Minha Vida, que utiliza o Fundo como principal fonte de recursos.
Impactos da mudança na correção do FGTS
A proposta de correção das contas do FGTS pelo índice da poupança a partir de 2025 tem gerado debates e discussões sobre os possíveis impactos dessa mudança. O governo alega que a correção pela remuneração da poupança pode encarecer os financiamentos habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida. Isso ocorre porque os empréstimos concedidos por meio desse programa utilizam recursos do FGTS como fonte de financiamento.
Segundo técnicos do Ministério das Cidades, a mudança da correção das contas do FGTS pela poupança pode reduzir os financiamentos em 40% e levar a um aumento dos juros nos contratos. Isso poderia impactar diretamente o acesso à habitação popular, prejudicando as famílias de baixa renda que dependem desses financiamentos para adquirir a casa própria.
Por outro lado, defensores da proposta argumentam que a mudança na correção do FGTS é necessária para garantir uma rentabilidade mais justa e adequada aos trabalhadores. Eles destacam que a atual fórmula de correção, com a TR mais 3% ao ano, não tem acompanhado adequadamente os índices de inflação, resultando em perdas para os trabalhadores ao longo do tempo.
Ademais, a correção das contas do FGTS é um tema de grande relevância e tem sido objeto de discussões e debates no Supremo Tribunal Federal. A proposta do governo de alterar a correção para o índice da poupança a partir de 2025 busca garantir uma rentabilidade mais adequada aos trabalhadores e preservar o patrimônio do Fundo.
No entanto, essa mudança pode ter impactos nos financiamentos habitacionais, como o programa Minha Casa, Minha Vida, que utiliza o FGTS como principal fonte de recursos. É importante que as negociações entre as partes envolvidas busquem encontrar alternativas que não prejudiquem o acesso à habitação popular e que garantam a correção adequada das contas do FGTS.
O julgamento no STF ainda está em andamento, e é necessário aguardar as decisões finais para entender os desdobramentos e os possíveis impactos dessa mudança. O objetivo principal deve ser encontrar uma solução que concilie os interesses dos trabalhadores, do governo e das políticas públicas que utilizam o FGTS como fonte de recursos.