MP do TCU pede apuração sobre liberação do consignado

MP do TCU pede apuração sobre liberação do consignado na eleição

Depois da publicação de reportagem do portal Uol, MP do TCU pediu uma investigação sobre a liberação do consignado na eleição

O Ministério Público ligado ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu para que os magistrados abram uma investigação sobre a liberação do consignado para usuários que fazem parte do Auxílio Brasil. O pedido acontece um dia depois da publicação de uma reportagem do portal UOL revelando detalhes sobre os números destas liberações.

Segundo a matéria, a Caixa Econômica Federal liberou 99% da sua carteira de crédito em outubro do ano passado, ou seja, durante o segundo turno das eleições presidenciais. O outro 1% foi liberado nos meses seguintes. Esta revelação está fazendo com que o MP acredite que já existe mais uma prova de um possível uso eleitoral da prática.

“A matéria publicada pelo UOL apenas evidencia o uso da máquina pública com finalidade claramente eleitoral, em claro desvio de finalidade pública ensejador de dano ao erário”, disse o subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Furtado nesta quarta-feira (15). O pedido ainda deverá ser analisado pelo TCU.

Furtado pede neste mesmo documento que o Tribunal entre em contato com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para realizar uma investigação conjunta. A ideia, ainda de acordo com o subprocurador, é investigar se esta prática de liberação apenas em outubro tem relação com uma possível tentativa de compra de votos nas eleições presidenciais.

O consignado do Auxílio Brasil foi sancionado pelo Congresso Nacional ainda em agosto de 2022. Contudo, o Ministério da Cidadania afirmou que não poderia liberar o crédito naquele momento porque ainda era necessário realizar uma regulamentação. Depois de uma série de adiamentos, o consignado foi liberado apenas em outubro, ou seja, apenas no mês do segundo turno das eleições.

Suspensão do consignado

Esta não é a primeira vez que este subprocurador faz pedidos de investigação em relação ao consignado do Auxílio Brasil. Em outubro do ano passado, durante as eleições, Furtado pediu a suspensão imediata do crédito e a investigação das intenções da Caixa.

Contudo, naquela ocasião, o TCU não atendeu o pedido e decidiu arquivar o documento. Assim, a Caixa Econômica Federal optou por manter as liberações e quase R$ 8 bilhões foram liberados para usuários que faziam parte de programas como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Em nota, membros da Caixa Econômica Federal negaram que os dados descritos na matéria indiquem que o banco teria atuado com o intuito de ajudar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições do ano passado. A instituição afirma que apenas seguiu a direção apontada pelo Ministério da Cidadania.

Mudanças

Neste novo Governo Federal, existia a expectativa de que o consignado do Auxílio Brasil seria oficialmente suspenso. Entretanto, o Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome decidiu manter o crédito, alterando alguns pontos da liberação.

Por meio de uma portaria, a pasta decidiu reduzir a taxa de juros  de 3,5% ao mês para 2,5% ao mês. Além disso, o tempo para os pagamentos caiu de 2 anos, para apenas seis meses.

Por fim, o novo Governo Federal também decidiu limitar a margem consignável de 40% para apenas 5%, o que deverá permitir descontos de até R$ 20 por mês.

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