Com o aumento de casos de covid-19 na segunda onda da pandemia e diminuição da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, a prorrogação do auxílio emergencial ficou mais real. E o mercado teme a volta do programa feito para ajudar os trabalhadores informais, afetados pela crise gerada pela pandemia. O cenário fez o mercado temer pela sustentabilidade do teto de gastos e como isso irá impactar os preços.
Aurelio Bicalho, economista-chefe da Vinland, falou ao Valor Investe que a preocupação não é com o auxílio especificamente, e sim com o risco de flexibilização da única âncora que há em um quadro fiscal difícil. Para ele, a economia atual pode fazer com que o auxílio seja desnecessário.
“O IBC-Br, por exemplo, que chegou a cair 15%, em novembro já estava somente 1,9% abaixo do nível de fevereiro de 2020. O emprego formal também já mostra forte recuperação”, diz. “Ou seja, a primeira análise é se, nessas condições, a economia precisa de novo estímulo fiscal amplo. Me parece que não. Caso as condições mudem, não há problema em ter novo auxílio, mas ele precisa caber dentro do teto dos gastos”, opinou.
Mas o tema voltou a ficar em evidência após o aumento de casos e mortes por covid-19 no país e a “guerra das vacinas”. O tema ganhou ainda mais força após os principais candidatos à presidência do Congresso admitirem que o programa pode ser retomado. Rodrigo Pacheco, do DEM-MG e candidato ao Senado, disse até mesmo que o retorno do auxílio poderia acontecer em detrimento da regra do teto de gastos.
Na última sexta-feira, secretários de Fazenda de 18 estados do Brasil enviaram carta a Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, pedindo que o auxílio seja mantido. Para isso, foi pedido que o estado de calamidade pública retorne por mais seis meses, suspendendo a regra de ouro e teto de gastos.