Ao contrário do resto do mundo, o mercado de PCs segue com ligeira alta no Brasil. Nos três primeiros meses de 2022, foram vendidos cerca de 1,98 milhão de computadores, crescimento de 6% em relação ao mesmo período de 2021, segundo estudo da consultoria IDC Brasil. No entanto, o Gartner espera uma queda de 9,5% no mercado global de computadores para o ano de 2022.
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No Brasil, os números positivos nas vendas de novos computadores foram creditados ao mercado corporativo, que aumentou suas vendas em 36%. Apesar de representar 49% das vendas totais, as empresas gastam mais nas máquinas do que os consumidores finais. O segmento ainda cresceu 36% a mais do que em janeiro, fevereiro e março de 2021.
A IDC diz que há uma constante demanda de computadores para fins educacionais, além da necessidade das empresas de atualizarem seus ativos de TI e de adequarem suas forças de trabalho às condições híbridas, que ganham cada vez mais espaço nas organizações.
Já o varejo, que alcançou o volume próximo de 1 milhão de unidades, caiu 12%, ano contra ano. Em relação ao desaquecimento das vendas no varejo, a IDC Brasil enxerga os impactos do momento econômico do País, com alta da inflação e da taxa de juros, e a consequente diminuição do poder de compra dos consumidores como os motivos para a queda. Além disso, o mercado consumidor encolheu após a demanda significativa que foi atendida nos anos anteriores.
O que vendeu mais?
Do total de computadores vendidos, 450 mil foram desktops, alta de 15%, e aproximadamente 1,5 milhão foram notebooks, 3% a mais do que no primeiro trimestre do ano passado.
Quanto aos preços, no primeiro trimestre de 2022, o custo médio de um desktop girou em torno de R$ 3,5 mil e de um notebook em R$ 4,7 mil, respectivamente 8% e 23% a mais do que no primeiro trimestre de 2021. A receita total do mercado de computadores no primeiro trimestre de 2022 cresceu 27% e foi de R$ 8,9 bilhões.
Para o restante do ano, a IDC projeta uma leve retração no mercado de PCs, mas essa perspectiva não é homogênea para todos os segmentos. No varejo, a expectativa é de encolhimento, seguindo o que já foi observado no primeiro trimestre deste ano. Porém, para o corporativo (B2B), as projeções atuais são de uma expansão significativa ao longo do ano.
A consultoria avalia que os desafios econômicos e políticos vão se estender nos próximos trimestres, mas aponta que este é um momento de entendimento das novas condições de trabalho híbrido e transformação digital num contexto pós-pandemia, o que pode beneficiar o segmento de PCs.
Queda no mercado global
Já a pesquisa da consultoria Gartner, especializada em tecnologia, aponta que as remessas mundiais de PCs devem cair 9,5% em 2022. O estudo, que avalia os números de aparelhos que as fabricantes entregam aos revendedores, o mercado de PCs deverá experimentar o maior declínio entre todos os segmentos de dispositivos eletrônicos este ano.
Segundo a consultoria, isso é resultado de uma “tempestade perfeita”: discussões geopolíticas, alta da inflação, flutuações cambiais e interrupções na cadeia de suprimentos. Todos esses fatores reduziram a demanda de negócios e a busca dos consumidores por dispositivos em todo o mundo.
Só a demanda de computadores para clientes finais deverá diminuir 13,1% em 2022 e cairá muito mais rápido do que a demanda de máquinas para o ambiente corporativo, que deve cair 7,2% na comparação ano a ano.
Nas análises regionais, o mercado de PCs para a Europa caminha para um declínio de 14% em 2022, impulsionado pela redução na demanda de equipamentos para consumidores finais. A invasão russa à Ucrânia, os aumentos de preços e a indisponibilidade de produtos devido aos bloqueios na China estão impactando significativamente a demanda dos clientes na região.
No geral, as remessas globais de dispositivos (PCs, tablets e telefones celulares) estão em ritmo de queda de 7,6% em 2022, com as regiões da China e da Europa Oriental, registrando quedas de dois dígitos.