A Procuradoria-Geral da República anunciou o início de uma investigação sobre possíveis práticas irregulares envolvendo grandes bancos atuantes no mercado de cartões de crédito. O subprocurador-geral da República, Luiz Augusto dos Santos Lima, assinou oficialmente um documento nesta quarta-feira (31), exigindo esclarecimentos sobre o caso.
A investigação da conduta dessas instituições financeiras, visa aprofundar a compreensão de potenciais irregularidades que possam prejudicar os consumidores e a integridade do mercado de cartões de crédito. Luiz Augusto dos Santos Lima expressou preocupação com as possíveis violações e a necessidade de transparência por parte dos bancos envolvidos.
O documento assinado pelo subprocurador-geral foi encaminhado à Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), entidade vinculada ao Ministério da Justiça. Ambas as organizações são instâncias chave no monitoramento e regulamentação do setor bancário e do mercado de consumo.
Práticas irregulares no mercado dos cartões de crédito
A Associação Brasileira de Internet (Abranet), representante de empresas de plataformas de pagamento online, formalizou uma denúncia à Procuradoria-Geral da República (PGR) alegando práticas anticompetitivas por parte de grandes bancos atuantes no mercado de cartões de crédito. O subprocurador-geral da República, em resposta à denúncia, destacou a “relevância e gravidade” das alegações apresentadas pela Abranet.
No documento oficial, afirma-se que as práticas em questão caracterizam “fatos que atentam contra a ordem econômica e os direitos do consumidor”. Segundo a Abranet, a denúncia tem como foco a tentativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de eliminar o parcelamento sem juros no cartão de crédito, alegadamente por motivos anticompetitivos.
A entidade alega que os grandes bancos buscam eliminar essa modalidade para prejudicar as novas empresas de tecnologia que, nos últimos anos, têm entrado no mercado e se tornado concorrentes significativos.
“Os bancões não sabem como enfrentar a concorrência das novas empresas de tecnologia que passaram a disputar mercado com eles nos últimos anos”, afirmou a Abranet em comunicado. A associação enfatiza que a prática de eliminar o parcelamento sem juros prejudicaria não apenas a livre concorrência, mas também os consumidores, que se beneficiam dessa opção de pagamento.
A PGR agora conduzirá uma investigação para analisar mais a fundo as alegações da Abranet e determinar se há indícios de práticas anticompetitivas por parte dos grandes bancos. É recomendado que os usuários de cartões de crédito acompanhem o caso que pode ter implicações significativas no mercado de serviços financeiros.
Febraban responde a denúncia
Em resposta à denúncia apresentada pela Associação Brasileira de Internet (Abranet), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) declarou, em entrevista exclusiva ao R7, que a acusação “não causou nenhuma surpresa” e classificou a postura da Abranet como uma “atitude de retaliação para desviar a atenção de irregularidades denunciadas pela Febraban”.
A Febraban, em um posicionamento firme, expressou sua determinação em esclarecer às autoridades a existência de práticas ilícitas e abusivas supostamente defendidas pela Abranet, relacionadas à cobrança de juros dos consumidores. A instituição financeira rejeita as alegações de práticas anticompetitivas e sugere que a denúncia da Abranet é uma tentativa de desviar o foco de possíveis irregularidades de sua própria autoria.
A Febraban já havia, em ocasiões anteriores, apontado que a Abranet e outras entidades representando fintechs possuem interesses financeiros na manutenção do parcelamento nos cartões de crédito. Segundo a instituição, essas entidades cobram taxas elevadas aos consumidores.