Meninas sem educação formal custam ao mundo até US$ 30 trilhões

O relatório é do Banco Mundial, que calculou que impedir que elas completem 12 anos de escolaridade pode custar entre US$ 15 trilhões e US$ 30 trilhões em renda e produtividade perdidas ao longo da vida

Em nosso mundo, conhecimento é poder, e a educação empodera. Ela é uma parte indispensável da equação do desenvolvimento. Ela tem valor intrínseco – que vai além do econômico – para empoderar as pessoas para determinar o próprio destino. É por isso que a oportunidade de ser educado é central para o avanço do desenvolvimento humano.

Helen Clark é ex-Primeira-ministra da Nova Zelândia, ex-administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e autora da frase que inicia este texto.

Uma pesquisa do Banco Mundial afirma que meninas sem educação formal custam ao mundo até US$ 30 trilhões. O relatório é do Banco Mundial, que calculou que impedir que elas completem 12 anos de escolaridade pode custar entre US$ 15 trilhões e US$ 30 trilhões em renda e produtividade perdidas ao longo da vida. De acordo com o documento “Perda de oportunidades: o elevado custo de não educar as meninas”, o mundo tem 132 milhões de meninas de 6 a 17 anos fora da escola.

Menos de 65% das jovens nesta faixa etária concluem o ensino fundamental e, apenas uma em cada três terminam o ensino médio. Ultrapassar esta etapa é importante para garantir o aumento da renda — quem passa 12 anos na sala de aula ganha, em média, o dobro de quem não tem escolaridade.

“Não podemos deixar que a desigualdade entre gêneros seja um obstáculo para o progresso global”, ressalta a diretora-gerente do Banco Mundial, Kristalina Georgieva. “A desigualdade na educação ainda é um problema que está custando ao mundo trilhões. Está na hora de eliminarmos essa diferença e dar às meninas e aos meninos uma mesma chance de ter sucesso”, completou.

Em reportagem ao jornal O Globo, Sandra Unbehuam, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, as meninas são afastadas das escolas porque precisam acumular outras responsabilidades, como as tarefas domésticas. Também enfrentam problemas como o casamento infantil, a gravidez precoce e, em alguns países, a proibição de que entrem em uma sala de aula.

“Pensar na situação das meninas implica em refletir também no contexto social em seu entorno. Há diversos fatores indissociáveis e que, por isso, devem ser enfrentados com políticas integradas, articulando distribuição de renda, trabalho, saúde e segurança”, descreve a socióloga.

O relatório estima que, se o ensino médio fosse universalizado, o casamento infantil seria virtualmente eliminado e o índice de gravidez precoce seria reduzido significativamente, controlando o crescimento populacional. Se tiverem um lugar na sala de aula, as alunas aprenderão o que são as doenças sexualmente transmissíveis e terão maior capacidade de escolher seus parceiros sexuais.

No Brasil, segundo o Censo Escolar de 2015, a taxa de abandono da escola é maior entre os meninos (8,7%) do que entre as meninas (7%). O índice de reprovação deles (15,4%) também é maior do que delas (9,7%). Ainda assim, Sandra avalia que a maior escolaridade não provocou reconhecimento no mercado de trabalho.

Portanto, os dados mostram que a aprendizagem e a educação de adultos têm um forte impacto na cidadania ativa, na voz política, na coesão social, na diversidade e na tolerância. A educação não está entre os três requisitos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) à toa. Ela é ponto fundamental para o bem-estar, para reduzir as desigualdades e promover cidadania. *Com informações do jornal O Globo.

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