Já ouviu o ditado “nada está tão ruim que não possa piorar”? Trata-se de uma frase popular destacada pelo seu pessimismo. O fato, no entanto, é que esta frase se encaixa perfeitamente quando o assunto é o calor que acomete o Brasil neste momento. De acordo com especialistas, o pico de temperatura ainda não passou.
Ao menos foi o que disse a meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Ana Ávila nesta semana. Segundo ela, o El Niño vai atingir o seu pico no próximo mês de dezembro, e deve permanecer em curso ao menos até junho de 2024.
O El Niño é um fenômeno natural responsável por aquecer as águas do Oceano Pacífico Equatorial. Do ponto de vista do Brasil, o que se percebe é um aumento das temperaturas. “A temperatura das águas vai ficar cerca de 2,5°C acima do esperado. E os modelos indicam que até junho do ano que vem a gente deve ter o El Niño em curso”, disse a meteorologista.
Além do calor
Mas se engana quem pensa que o calor é o único efeito direto do El Niño. O fenômeno também deve seguir provocando uma série de tempestades, sobretudo na região Sul do país. É o que diz a meteorologista Josélia Pegorin.
“Então, eventos de chuva intensa no Sul do Brasil vão continuar acontecendo. E ao mesmo tempo a gente tem uma outra preocupação que é com a irregularidade da chuva nas outras regiões”, afirmou Josélia Pegorin, meteorologista.
“Os estudos costumam apontar que as ondas de calor podem ter uma relação bastante íntima com as mudanças climáticas. Em geral, as pesquisas mais conclusivas quanto a essas atribuições são relativas às ondas de calor. Então, é uma das principais hipóteses que a gente tem para explicar esse calor extremo. Mas claro que temos outros fatores em jogo, como o El Niño”, disse o meteorologista Bruno Bainy, do Cepagri.
Cartilha do Ministério da Saúde
Diante deste quadro de perigo, o Ministério da Saúde decidiu lançar na última quarta-feira (15) uma cartilha com uma série de dicas para se proteger do calor. A pasta lembra que é impossível se livrar completamente do impacto das altas temperaturas, mas reforça que estas pequenas dicas podem fazer muita diferença no final das contas.
- Evite a exposição direta ao sol, em especial, de 10h às 16h;
- Se expor ao sol sem a proteção adequada contra os raios ultravioleta deixa a pele vermelha, sensível e até com bolhas. Use protetor solar;
- Use chapéus e óculos escuros (especialmente pessoas de pele clara);
Proteja as crianças com chapéu de abas; - Use roupas leves e que não retêm muito calor;
Diminua os esforços físicos e repouse frequentemente em locais com sombra, frescos e arejados; - Em veículos sem ar-condicionado, deixe as janelas abertas;
- Não deixe crianças ou animais em veículos estacionados.
O Ministério também lembra que é muito importante manter a hidratação:
- Aumente a ingestão de água ou de sucos de frutas naturais, sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede;
- Evite bebidas alcoólicas e com elevado teor de açúcar;
- Faça refeições leves, pouco condimentadas e mais frequentes.
- Recém-nascidos, crianças, idosos e pessoas doentes podem não sentir sede. Ofereça-lhes água.
Mesmo as pessoas que não saem de casa durante este período de intenso calor, precisam tomar alguns cuidados:
- Se possível, feche cortinas e/ou janelas mais expostas ao calor e facilite a circulação do ar;
- Abra as janelas durante a noite;
- Utilize menos roupas de cama e vista-se com menos roupas ao dormir, sobretudo, em bebês e pessoas acamadas;
- Informe-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas que vivem só, idosas ou com dependência que vivam perto de si e ajude-as a protegerem-se do calor;
- Mantenha ambientes úmidos com umidificadores de ar, toalhas molhadas ou baldes de água.