Mães erram cadastro e ficam sem os R$ 1.200 para comida de filhos e aluguel

O cadastro incorreto dos dados pode impedir pessoas que precisam do auxílio emergencial de recebê-lo.

O cadastro incorreto dos dados pode impedir pessoas que precisam do auxílio emergencial de recebê-lo. É o caso de uma cabeleireira que não tem dinheiro para pagar o aluguel no final do mês e está racionando a comida dos filhos, e de uma costureira que teve que vender o celular da filha para pagar as contas e comprar comida. E esses são apenas alguns dos muitos casos que estão acontecendo no Brasil.

Muitas pessoas pediram auxílio emergencial do governo por causa da pandemia do coronavírus, mas preencheram o cadastro errado, e agora estão sem saber se vão receber o dinheiro.

Erros comuns no cadastro

O cadastro de trabalhadores informais deve ser feito no site e aplicativo da Caixa. A costureira Patrícia dos Santos, 40 anos, fez o cadastro na quinta-feira da semana passada. Moram com ela uma filha de nove anos e um filho de 12 anos. Ao preencher o cadastro no site da Caixa, ela afirma que não entendeu que teria que incluir os dados dos filhos.

“Na minha opinião, o aplicativo está confuso. Ele pergunta quantas pessoas no imóvel tem CPF. Minha filha não tem. Não estava claro que eu tinha que colocar os dados dos meus filhos menores de idade. Então, acabei não colocando.”

Ela também diz que percebeu o erro dois dias depois. Tentou resolver pelo site da Caixa, mas não conseguiu. Chegou até a tentar arrumar o cadastro em um Cras (Centro de Referência de Assistência Social), mas também não teve sucesso.

Segundo Patrícia, o site diz que o pedido dela está em análise. Por morar sozinha com os filhos, ela teria direito a R$ 1.200. “Mas se conseguisse receber os R$ 600 já estaria feliz.”

Ela afirma que está sem gás em casa e até vendeu o celular da filha mais nova para conseguir pagar as contas. “Se esperar por isso [liberação do dinheiro], nós vamos morrer de fome.”

É necessário informar os dados dos filhos

Outro caso é o da cabeleireira e manicure Paula Meirie André, 39 anos, que cometeu o mesmo erro de Patrícia. Ela afirma que preencheu o cadastro no site da Caixa no primeiro dia em que foi disponibilizado e não entendeu que teria que informar os dados dos demais membros da família. Ela mora com os três filhos, uma bebê de sete meses e dois meninos, um de cinco anos e outro de 12 anos.

“Eles perguntam quem tem CPF na casa. Tenho o meu, mas esqueci de colocar os dados deles. Quando percebi, não dava mais para voltar para corrigir.” Ela tentou refazer o cadastro, mas diz que o site informa que o CPF já está cadastrado e que o pedido está em análise.

Sem o auxílio, ela afirma que teme não conseguir pagar o aluguel. “Estou juntando o que dá para pagar o aluguel. Esse mês já não tenho. Nem sei o que fazer. O meu medo é se começarem a cobrar juros. Aí acumula com as outras contas. Não sei como vai ser.”

A comida das crianças também está mais restrita. Segundo ela, a bebê de sete meses que tomava fórmula infantil, por exemplo, agora passou a tomar leite de vaca diluído na água. “As crianças estão em casa. Eles querem comer. Eu fico desesperada por causa da alimentação deles. Como não tenho família no bairro, algumas pessoas que me conhecem acabam trazendo uma coisa ou outra para mim. Eles não estão passando fome, mas estou controlando a comida.”

Por sustentar o lar sozinha, ela também teria direito a R$ 1.200 de auxílio.

Uma simples solução

É comum em aplicativos e sites onde é preciso fazer cadastro, que hajam informações claras sobre o que deve ser preenchido, junto com asteriscos, por exemplo. Em muitos sites, a pessoa nem mesmo consegue prosseguir se não cadastrar todos os dados necessários. Em outros sites e aplicativos, é possível seguir o passo a passo de como preencher o cadastro.

O aplicativo da Caixa poderia estar ajudando muitas pessoas por implementar soluções simples como essas, ou então, deixar as pessoas corrigirem os dados mais facilmente.

Caixa diz que será possível corrigir dados

A Caixa afirmou que será possível corrigir os dados cadastrais pelo site e pelo aplicativo, porém, só depois do fim da primeira análise. Antes, o banco havia informado que não seria possível fazer a correção.

A Caixa diz que o prazo para avaliar o pedido é de cinco dias úteis após o envio do cadastro, podendo é claro, demorar mais tempo, como já está acontecendo com muitas pessoas. Se o benefício for aprovado, o dinheiro cai na conta em até três dias úteis depois da resposta.

Queixas de pessoas que precisam muito do auxílio emergencial

Entre as queixas relatadas aqui no Notícias Concursos, estão as de uma leitora, que diz: “O meu também está a 2 semanas em análise, na TV falam uma coisa, mas na realidade é outra!! Vi vizinhos meus que têm dinheiro e já receberam e a gente que realmente precisa ainda está em análise.”

E um leitor ainda comenta: “Fiz nos primeiros minutos e pelo que vi, todos que fizeram nos primeiros 20 minutos ainda está em análise… Sendo que pessoas que fizeram às 11 da manhã já tem 4 dias q recebeu… Minha vizinha fez ontem 16h e 5 da manhã de hoje já deu o aprovado dela.”

Outras queixas também variam entre a demora de receber uma resposta até a dificuldade de tirar dúvidas sobre a situação.

Até 5 dias para aprovação do auxílio emergencial: verdade ou mentira?

Quando o programa de auxílio emergencial foi lançado pelo governo federal, a Caixa informou que o beneficiário receberia o depósito na conta em até cinco dias úteis, após aprovação. Porém, trabalhadores afirmam que a espera já passou desses cinco dias.

Algumas pessoas ainda estão com o cadastro em análise, outras que já tiveram o cadastro aprovado, ainda não receberam, como Alan Souza, de Brasília (DF), diz que foi aprovado para o auxílio emergencial no dia 16 de abril, mas o valor não foi depositado na sua conta digital da Caixa. “Já liguei em todos telefones da Caixa, ninguém informa nada. Preencho todas as exigências do programa, porém a Caixa não efetuou o pagamento nem sequer solta alguma nota informando quando irá disponibilizar o valor”, relata Souza.

A Caixa afirma que os cinco dias úteis são uma estimativa e que a data de crédito do benefício na poupança ou conta é diferente da data de aprovação no site ou aplicativo, “por isso, recomenda-se acompanhar pela mídia ou site auxilio.caixa.gov.br o cronograma de depósitos em conta”.

Como prevenir que cadastro fique muito tempo ’em análise’

Uma coisa interessante é que, analisando o comentário do leitor já citado, que falou sobre a vizinha que fez o cadastro depois dele e já recebeu, é que pode se concluir que ele fez o cadastro às pressas, e pode ter preenchido dados incorretos, levando assim à uma análise mais demorada. Como a Caixa não permite (ainda) corrigir os dados, o cadastro pode ficar preso ’em análise’ por mais tempo do que deveria.

Para evitar demora na aprovação do auxílio, é muito importante fazer o cadastro prestando bastante atenção e revisando os dados informados. Mas se você suspeita ter errado no cadastro, o que fazer?

Tem como destravar o auxílio emergencial?

É possível resolver sim, este problema. Suspeita-se que muitas pessoas colocaram dados errados no cadastro, levando à atraso na análise. Até o momento não é possível corrigir os dados direto no aplicativo nem no site, porém, a Caixa Federal informa:

“Após o recebimento da análise efetuada pela Dataprev dos cadastros, caso necessário, será liberada funcionalidade para o cidadão efetuar edição de dados”.

Ou seja, sim, é possível corrigir os dados incorretos. Em outras palavras, é possível tentar novamente. Porém, a correção dos dados só será liberada depois de feita a análise dos dados já cadastrados.

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