O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, informou na semana passada a sua decisão sobre os novos rumos da política monetária adotada no país. A saber, a entidade financeira elevou a taxa de juros de referência do país em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo de 4,5% a 4,75%.
Em resumo, o Fed havia promovido quatro altas consecutivas de 0,75 p.p. na taxa de juros em 2022. Após essa sequência, elevou os juros em 0,50 p.p. e, agora, reduziu mais uma vez a alta e promoveu um reajuste um pouco mais leve.
Essa elevação continua indicando certo alívio do aperto monetário no país. Aliás, em 2022, o Fed elevou os juros por sete vezes consecutivas, fazendo a taxa alcançar o maior nível desde 2007.
Embora esse novo avanço tenha sido o oitavo consecutivo, a taxa veio em linha com as expectativas do mercado, que já espera uma desaceleração na alta.
Em suma, a inflação anual nos EUA vem se mantendo em patamar bastante elevado nos últimos meses. No entanto, vale destacar que a taxa anual desacelerou nos últimos meses de 2022.
No acumulado de 12 meses até junho do ano passado, a taxa estava em 9,1%, maior percentual das últimas décadas. Contudo, a inflação desacelerou no segundo semestre de 2022, caindo para 6,5% em dezembro. E foi essa desaceleração que fez o Fed promover uma alta mais leve dos juros nos EUA.
Juros elevados enfraquecem inflação
A saber, o principal objetivo dos bancos centrais ao elevarem os juros é segurar a inflação nos países. Em síntese, quando a política monetária está mais apertada, os juros em diversos setores também sobem, reduzindo o poder de compra do consumidor.
Como consequência, a economia fica desaquecida. Pelo lado positivo, isso limita o avanço da chamada “inflação por demanda”, já que os preços de bens e serviços tendem a subir quanto maior for a procura. Por outro lado, a redução do consumo prejudica a atividade econômica dos países.
Apesar de negativo, esse fator é considerado um “remédio amargo” para conter a taxa inflacionária. Por isso que os bancos centrais elevam os juros em períodos de inflação elevada. E foram as várias altas promovidas pelo Fed no ano passado que fizeram a taxa inflacionária perder força ao longo de 2022.
Além disso, o Fed informou que a alta dos juros foi mais fraca devido aos dados mais positivos do mercado de trabalho norte-americano. Ao mesmo tempo, o crescimento dos salários também fez os analistas optarem por uma elevação mais branda. Entretanto, isso não quer dizer que as taxas não subirão nas próximas reuniões do Fed.
“O Comitê antecipa que os aumentos contínuos na meta serão apropriados para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, explicou o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), órgão do Fed que toma decisões sobre os juros nos EUA.
Veja como a decisão do Fed impacta o Brasil
A saber, os juros mais altos nos Estados Unidos deverão afetar todo o planeta. No caso do Brasil, o que mais deverá impactar a vida da população é o aumento dos preços dos produtos importados.
Na verdade, quanto mais altos os juros nos EUA, mais rentáveis ficam os ativos relacionados ao governo norte-americano. Dessa forma, os investimentos estrangeiros tendem a crescer no país, algo que irá fortalecer o dólar, em detrimento de outras moedas.
Como a cotação internacional de bens e serviços é feita em dólar, tudo que vier de fora do Brasil deverá ficar mais caro. Aliás, diversos produtos consumidos diariamente vêm do exterior, como o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. A saber, entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior.
Também não há como esquecer os combustíveis. Em síntese, a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação internacional do barril de petróleo e as oscilações do dólar. Assim, quanto mais cara estiver a moeda americana, maiores os riscos de alta dos combustíveis no país.
Além disso, o dólar mais elevado encarece a dívida pública do Brasil e pressiona o BC brasileiro a também manter os juros elevados no Brasil. Isso porque, mesmo com uma inflação mais baixa, uma redução nos juros brasileiros pode fortalecer o dólar e impulsionar novamente a inflação no país.