Juros no Brasil seguem no MAIOR nível desde novembro de 2016

Juros no Brasil continuam no MAIOR patamar desde novembro de 2016

Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve taxa de juros estável pela sexta vez consecutiva, após o maior ciclo de alta da Selic em 23 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve pela sexta vez consecutiva a taxa Selic estável em 13,75% ao ano. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (3) e mostra que a entidade financeira continua com a política monetária bastante apertada.

Em resumo, a taxa Selic corresponde ao juro básico da economia brasileira. Atualmente, os juros no Brasil estão no maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em seis anos e meio. À época, a taxa Selic estava em 14,00% ao ano, levemente acima do nível atual.

A decisão do BC em manter a Selic estável é positiva para a população, ao menos em parte, visto que não houve elevação dos juros no país. A propósito, o BC já informou que, havendo necessidade, voltará a aumentar os juros no Brasil.

Por outro lado, a manutenção da taxa também pode ser entendida como algo negativo, já que o nível dos juros continua muito elevado no país. Em síntese, o patamar atual impõe muitas dificuldades para a população, que sofre para conseguir crédito no Brasil.

O Copom já havia mantido a taxa Selic estável em setembro de 2022, após o maior ciclo de alta dos juros desde 1999. E a manutenção da taxa também aconteceu nas cinco reuniões seguintes, com o BC mantendo os juros a 13,75% ao ano no país, incluindo o encontro desta semana.

Em suma, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos. No entanto, os avanços cessaram em setembro do ano passado.

Apesar de não subir, o alto patamar em que os juros se encontram afeta diretamente os brasileiros. Aliás, a taxa de 13,75% ao ano deverá seguir assim por mais alguns meses, segundo projeções de analistas, ou seja, a manutenção da taxa Selic veio em linha com as expectativas do mercado.

BC não reduz juros, apesar da pressão do governo

Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem criticando o alto nível dos juros no Brasil. De acordo com o petista, o patamar elevado da taxa Selic afeta diretamente a atividade econômica do país, limitando o seu crescimento.

No final do mês passado, durante uma passagem de alguns dias em Portugal, o presidente Lula afirmou que ninguém pega dinheiro emprestado se os juros estiverem muito altos. “E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem que circular. Não na mão de poucos, mas na mão de todos”, disse o petista.

Lula também criticou algumas vezes a meta central para a inflação no Brasil em 2023. Segundo o presidente, a meta pressiona o BC a elevar os juros para, assim, cumpri-la, e tudo isso limita o crescimento econômico.

Por falar nisso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país todos os anos. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:

  • Maior tranquilidade para investir no Brasil;
  • Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
  • Redução da concentração de renda;
  • Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.

Como a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, a entidade financeira optou por mantê-la estável nas últimas reuniões.

Aliás, a Selic não recuou no país, apesar da pressão do governo, porque o BC ainda está avaliando as variações da inflação, que pode voltar a impactar a população brasileira de maneira mais intensa nos próximos meses. Por isso, nem descartou a possibilidade de voltar a elevar os juros no país.

Entenda a taxa de juros no país

Em 2020, a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Para tentar impulsionar a atividade econômica brasileira, o Copom reduziu a Selic para 2,00% ao ano em agosto daquele ano, mantendo a taxa assim até março de 2021.

A saber, a crise sanitária afetou a cadeia produtiva global de diversos setores, e isso fez os preços de bens e serviços dispararem em 2021 devido a forte demanda. Por isso, o Copom mudou a tática e passou a elevar repetidas vezes a Selic nos dois últimos anos.

Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.

Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, a inflação segue elevada, ainda mais após a retomada da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol. Em meio a esse cenário, a expectativa é que os juros continuem elevados por mais alguns meses.

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