Juros bancários recuam em julho, mas seguem em nível elevado

Juros bancários recuam em julho, mas seguem em nível elevado

Os juros bancários médios do país recuaram levemente em julho de 2023. De acordo com o Banco Central (BC), a taxa média de juros com recursos livres de pessoas físicas e empresas chegou a 44,3% ao ano no sétimo mês deste ano. A taxa ficou 0,3 ponto percentual (p.p.) menor que os juros registrados no mês anterior.

Embora a taxa tenha recuado na comparação mensal, o valor acumulado nos 12 meses ficou ainda mais elevado. Em resumo, os juros cresceram 3,9 p.p. em relação a julho de 2022, quando a taxa estava em 40,4% ao ano.

Vale destacar que a trajetória dos juros bancários vem se mantendo em alta nos últimos anos. A variação acumulada em 2021 foi de 8,4 p.p., enquanto o avanço registrado em 2022 ficou em 8,2 p.p. A título de comparação, estes foram os maiores avanços anuais desde 2015, quando o juro bancário disparou 9,9 p.p. no país.

Todos estes dados refletem as dificuldades que as famílias brasileiras vêm enfrentando nos últimos tempos. E o nível dos juros, que se manteve abaixo de 30% ao ano durante todo o primeiro semestre de 2021, passou a acelerar nos últimos meses daquele ano, pressionado pelo aumento da taxa Selic no país.

A propósito, o Banco Central divulgou os dados nesta segunda-feira (28). Em suma, o indicador da entidade financeira não inclui os créditos habitacional, rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Juros sobem para empresas, mas caem para pessoas físicas

Segundo o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas alcançou 23,3% ao ano em julho de 2023. Isso representa um aumento de 0,3 p.p. na comparação com o mês anterior, quando a taxa ficou em 23,0% ao ano.

Por outro lado, os juros médios cobrados nas operações com pessoa física caíram 0,6 p.p. no mês passado, resultado bem mais positivo que a variação registrada nas operações com empresas, que cresceram no mês.

Embora o segmento tenha registrado queda dos juros em julho, a taxa é muito maior do que as empresas. Mesmo com o recuo registrado em julho, a taxa média dos juros bancários atingiu 58,5% ao ano, valor mais de duas vezes superior à taxa de operações com empresas.

Seja com for, os juros bancários cresceram nos últimos tempos no país devido ao aumento da taxa Selic. Isso porque o BC elevou em 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos.

Para quem não sabe, a Selic é o principal instrumento do BC para segurar a inflação no país. A Selic elevada impulsiona os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.

Assim, a inflação tende a cair também, pois a demanda fica enfraquecida.

Taxa média dos juros para pessoas físicas é 2,5 vezes maior do que para empresas
Taxa média dos juros para pessoas físicas é 2,5 vezes maior do que para empresas. Imagem: Shutterstock.

BC reduz taxa Selic

No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu reduzir os juros pela primeira vez em três anos. O Copom reduziu em 0,50 p.p. a taxa Selic, que passou de 13,75% para 13,25% ao ano.

Vale destacar que a Selic afeta os juros praticados no país. Assim, quando ela sobe, puxa consigo os juros de diversos setores, como o bancário e o imobiliário. Com isso, o consumidor se vê obrigado a modificar seus hábitos, reduzindo o consumo, e, consequentemente, desacelerando a atividade econômica do país.

Apesar da recente redução da Selic, e da provável manutenção dessas reduções nas próximas reuniões do Copom, cabe salientar que os juros continuam em nível elevado no país. Por isso, o mais indicado é esperar por mais reduções do juros, ao longo dos meses, para adquirir bens ou serviços afetados diretamente pelas taxas elevadas.

Juros no rotativo do cartão

O BC também revelou que a taxa média de juros cobrada pelos bancos em relação ao cartão de crédito rotativo subiu 8,7 pontos percentuais. A saber, as pessoas que recorreram a essa modalidade enfrentaram juros de 445,7% ao ano em julho, ante uma taxa de 437% no mês anterior.

Em síntese, esse foi o maior patamar alcançado pelo segmento nos últimos anos. Como a linha de crédito é muito cara, os analistas recomendam que o consumidor a evite, seja qual for a situação em que estiver.

A propósito, o rotativo é a linha de crédito pré-aprovada no cartão, o que facilita o seu uso pelas pessoas. Além disso, o rotativo inclui saques feitos na função crédito do meio de pagamento. Contudo, esses benefícios não compensam os juros, que são extremamente altos.

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