Os desafios econômicos continuam a desempenhar um papel significativo na confiança dos empresários brasileiros. De acordo com o indicador desenvolvido pelo Sebrae/FGV, são os setores de comércio e indústria os que mais sentem os efeitos da atual situação econômica, onde os juros elevados, o aumento da inadimplência e a limitada oferta de crédito se convergem para minar a confiança dos empreendedores.
Juros altos impactam a confiança dos empresários brasileiros
Essas condições econômicas desafiadoras não apenas impactam diretamente as empresas, mas também geram um efeito cascata que chega aos consumidores, influenciando o poder de compra.
Queda na confiança empresarial e seus reflexos
O Índice de Confiança das Micros e Pequenas Empresas (IC-MPE) registrou uma ligeira queda em julho, diminuindo 0,8 ponto após dois meses consecutivos de crescimento. Essa análise, realizada em conjunto pelo Sebrae e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), evidenciou que essa queda foi mais acentuada nos setores de Comércio e Indústria de Transformação, com diminuições de 2,1 e 2 pontos, respectivamente.
O setor de Serviços também apresentou uma queda de 0,8 ponto. O IC-MPE é uma métrica composta pelos índices de Situação Atual (ISA) e de Expectativas (IIE), representando os três principais setores da economia: comércio, serviços e indústria de transformação.
Embora tenha havido melhorias recentes em alguns indicadores econômicos, a queda persistente no IC-MPE sugere que os proprietários de pequenas empresas continuam a operar em um ambiente de negócios desafiador, exercendo cautela em suas operações, especialmente em relação às expectativas de curto prazo.
Desafios no setor de comércio
O setor de Comércio, um dos pilares da economia brasileira, enfrenta dificuldades significativas. A confiança dos empresários nesse setor caiu para 92,8 pontos, uma queda de pouco mais de 2 pontos, após percepções positivas nos meses anteriores.
Em suma, esse declínio é resultado de uma piora tanto na percepção da situação atual quanto nas expectativas para os próximos meses. O endividamento elevado e a inadimplência das famílias são considerados fatores que dificultam o alcance de um crescimento sustentável na confiança do setor de Comércio. A oferta limitada de crédito e as altas taxas de juros também contribuem para esse cenário desafiador.
Contudo, setores específicos, como veículos, motos e peças, têm enfrentado desafios ainda maiores, com a escassez de peças e componentes automotivos afetando a disponibilidade de produtos. A variação regional também é evidente, com o Sul apresentando um aumento de 6,1 pontos, enquanto as regiões Norte/Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste sofreram quedas de 7,4; 5,9 e 1,6 pontos, respectivamente.
Desafios na indústria de transformação
Após um crescimento significativo em junho, o Índice de Confiança das Micros e Pequenas Empresas da Indústria de Transformação (MPE-Indústria) diminuiu 2 pontos em julho, atingindo 95,3 pontos. Em suma, essa redução é principalmente atribuída aos indicadores de volume de produção, emprego e situação dos negócios para os próximos seis meses.
Segmentos como alimentos, refino e produtos químicos, metalurgia e produtos de metal contribuíram para esse declínio. No entanto, os negócios de vestuário continuaram a demonstrar otimismo. Além disso, as variações regionais também são notáveis. Assim, com o Sul sendo a única região a registrar uma queda no desempenho do IC-MPE na Indústria de Transformação. Já a região Sudeste apresentou um aumento de 2,6 pontos, enquanto as regiões Nordeste e Norte/Centro-Oeste viram um aumento de 0,4 ponto.
Desafios no setor de serviços
Após cinco meses consecutivos de crescimento, a confiança das micro e pequenas empresas no setor de Serviços sofreu uma queda de 0,8 ponto em julho. Assim, atingindo 93,9 pontos. Desse modo, a pesquisa Sebrae/FGV destacou que essa queda foi desigual entre os diferentes segmentos do setor.
Os serviços prestados às famílias foram particularmente afetados, principalmente devido às preocupações dos empresários com a situação econômica dos consumidores e às taxas de juros ainda elevadas.