O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,04% em junho. A alta dos preços foi bem mais leve que a registrada em maio (0,51%), ficando bem próxima da estabilidade, para alegria dos brasileiros.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, os consumidores gastaram em junho praticamente os mesmos valores que em maio.
Em resumo, o IPCA-15 desacelerou no mês, mas isso não quer dizer que os preços caíram. Na verdade, os valores tiveram uma leve alta, mas o avanço foi tão leve, no geral, que não deve ter sido sentido pelos consumidores.
A saber, o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos“, segundo o IBGE.
Com o acréscimo do resultado de junho, o IPCA-15 passou a acumular uma alta de 3,16% em 2023. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no Brasil desacelerou de 4,07%, em maio, para 3,40%. A propósito, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Apesar da desaceleração, o IPCA-15 segue levemente acima da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação do Brasil em 2023, de 3,25%. No entanto, a taxa vem perdendo força nos últimos meses e poderá cair para abaixo da meta caso os resultados se prolonguem ao longo do ano.
Aumento dos preços fica menos disseminado
O IBGE revelou que seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em junho, número menos expressivo que o registrado em meses anteriores. Aliás, a prévia da inflação poderia ter ficado até mais alta, mas os recuos foram intensos o suficiente para reduzirem a alta para perto da estabilidade.
Confira abaixo a variação positiva registradas pelos seis grupos pesquisados pelo IBGE:
- Habitação: 0,96%;
- Vestuário: 0,79%;
- Despesas pessoais: 0,52%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,19%;
- Comunicação: 0,11%;
- Educação: 0,04%.
De acordo com o IBGE, o grupo habitação exerceu o maior impacto no IPCA-15, de 0,14 ponto percentual (p.p.). Em suma, dois itens impulsionaram a taxa do grupo no mês: taxa de água e esgoto, cujos preços subiram 3,64% e exerceram uma influência de 0,06 p.p., e energia elétrica residencial, que subiu 1,45% no mês, impactando a inflação também em 0,06 p.p.
O segundo maior impacto veio do grupo despesas pessoais (0,05 p.p.), devido ao reajuste médio de 15,00% no valor das apostas em jogos de azar. Já o terceiro grupo de maior impacto foi vestuário (0,04 p.p.).
Estes três grupos influenciaram o IPCA-15 em 0,23 p.p., mas a alta mensal foi bem mais leve devido aos resultados negativos, que representaram queda nos preços.
Gasolina derruba taxa do IPCA-15
Em junho, três grupos registraram taxas negativas, ou seja, os preços dos produtos e serviços pesquisados destes grupos ficaram mais baratos no país. Veja quais foram:
- Transportes: -0,55%;
- Alimentação e bebidas: -0,51%;
- Artigos de residência: -0,01%.
Em síntese, o grupo transportes impactou a prévia da inflação em -0,11 p.p., influenciado pelos combustíveis, cujos preços caíram 3,75% no mês.
“A gasolina (-3,40%) foi o subitem com o maior impacto individual (-0,17 p.p.) no IPCA-15 de junho. Os demais combustíveis também registraram recuo nos preços: óleo diesel (-8,29%), etanol (-4,89%) e gás veicular (-2,16%)“, informou o IBGE.
“Além disso, os preços do automóvel novo caíram 0,84% e contribuíram com -0,03 p.p. no índice do mês“, acrescentou. Esses resultados foram possíveis graças ao programa de descontos do governo federal para incentivar a compra de carros populares.
No grupo alimentação e bebidas, os itens que mais contribuíram com a queda na taxa foram óleo de soja (-8,95%), frutas (-4,39%), leite longa vida (-1,44%) e carnes (-1,13%).
Cabe salientar que cada grupo possui um peso diferente na composição do IPCA-15. Isso porque eles impactam de maneiras diferentes a renda das famílias. Por isso que nem sempre os grupos com as maiores altas ou quedas exercem os maiores impactos na prévia da inflação.
Inflação cai em sete dos 11 locais pesquisados
Neste mês, o IPCA-15 caiu para um patamar bem tímido graças às variações negativas dos preços. Segundo o IBGE, sete dos 11 locais pesquisados registraram queda nos preços dos produtos e serviços.
Vale destacar que esse resultado é bem diferente do que foi visto nos meses anteriores. Isso porque, nos cinco primeiros meses de 2023, os preços haviam subido em todos os locais pesquisados.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas em todos os locais pesquisados:
- Recife: 0,45%;
- São Paulo: 0,23%;
- Belo Horizonte: 0,10%;
- Curitiba: 0,07%;
- Salvador: -0,02%;
- Porto Alegre: -0,04%;
- Fortaleza: -0,05%;
- Rio Janeiro: -0,10%;
- Belém: -0,18%;
- Brasília: -0,28%;
- Goiânia: -0,66%.
“A maior variação foi registrada em Recife (0,45%), por conta das altas da energia elétrica residencial (8,21%) e da taxa de água e esgoto (4,61%). Já a menor variação foi observada em Goiânia (-0,66%), influenciada pela queda de 4,42% na gasolina“, explicou o IBGE.