O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,40% em dezembro. O resultado acelerou em relação a novembro, quando a prévia havia subido 0,33%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, os consumidores tiveram que gastar um pouco mais em dezembro para continuar com os mesmos hábitos de consumo, até porque a inflação subiu mais que em novembro.
Também vale destacar que o IPCA-15 veio acima do esperado. A saber, a mediana das projeções dos analistas indicava uma variação de 0,27%, mas a prévia da inflação veio acima dessa taxa (0,40%).
Cabe salientar que o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos“, segundo o IBGE.
IPCA acumulado em 2023
Com o acréscimo do resultado de dezembro, o IPCA-15 fechou o ano de 2023 em alta de 4,72%, acima da taxa observada em novembro (4,30%). A propósito, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Embora tenha acelerado no último mês de 2023, o IPCA-15 fechou o ano dentro do limite para a inflação no ano. A saber, a meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação do Brasil em 2023 foi de 3,25%. No entanto, o CMN também define um limite de 1,5 ponto percentual definido pelo CMN.
Significa que a inflação poderia variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo em relação à meta central definida. Mesmo que isso acontecesse, a inflação ainda iria cumprir a meta estabelecida.
Logo, a taxa inflacionária no Brasil poderia chegar até 4,75% em 2023 que não irá estourar a meta definida pelo CMN, e foi justamente isso o que aconteceu com o IPCA-15 no ano, ficando em 4,72%, dentro do limite superior.
Variação dos preços em dezembro
O IBGE revelou que sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram aumento dos seus preços em dezembro, impulsionando a inflação do Brasil para cima.
Confira abaixo quais foram os grupos pesquisados pelo IBGE cujos preços subiram:
- Transportes: 0,77%;
- Despesas pessoais: 0,56%;
- Alimentação e bebidas: 0,54%;
- Habitação: 0,48%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,14%;
- Educação: 0,05%;
- Vestuário: 0,03%.
De acordo com o IBGE, o grupo transportes voltou a exercer o maior impacto positivo no IPCA-15, de 0,16 ponto percentual (p.p.). Em suma, o principal item que impulsionou a inflação do grupo no mês foi passagem aérea, cujos preços subiram 9,02%, impactando a inflação em 0,09 p.p.
O IBGE revelou que os preços gerais dos combustíveis caíram 0,27% no mês, limitando o avanço registrado pelo grupo. Os valores caíram tanto para o óleo diesel (-0,75%), quanto para o etanol (-0,35%) e a gasolina (-0,24%). Por outro lado, o gás veicular ficou 0,08% mais caro.
Já o grupo alimentação exerceu o segundo maior impacto no IPCA-15 em dezembro, de 0,12 p.p. O avanço foi influenciado pela alimentação no domicílio, cujos preços subiram 0,55%. Veja abaixo os alimentos que ficaram mais caros no Brasil em dezembro:
- Cebola: 10,63%;
- Batata-inglesa: 10,32%;
- Arroz: 5,46%;
- Carnes: 0,65%.
Por outro lado, os brasileiros se beneficiaram com a queda nos valores do tomate (-7,95%) e do leite longa vida (-1,91%). Entretanto, os recuos não foram suficientes para impedir a alta dos preços do grupo no mês. Ainda mais porque a alimentação fora do domicílio também subiu em dezembro (0,53%), acelerando em relação a novembro (0,22%).
Inflação sobe em 9 dos 11 locais pesquisados
Neste mês, o IPCA-15 subiu devido ao aumento dos preços na maioria dos locais pesquisados pelo IBGE. Aliás, a taxa acelerou porque 9 dos 11 locais pesquisados registraram preços mais elevados de produtos e serviços.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Veja as taxas de agosto nos locais pesquisados pelo IBGE:
- Fortaleza: 0,77%;
- Goiânia: 0,77%;
- Brasília: 0,68%;
- Rio Janeiro: 0,59%;
- Salvador: 0,45%;
- São Paulo: 0,45%;
- Belo Horizonte: 0,35%;
- Belém: 0,29%;
- Porto Alegre: 0,29%;
- Curitiba: -0,01%;
- Recife: -0,26%.
“Quanto aos índices regionais, nove áreas tiveram alta em dezembro. As maiores variações foram em Fortaleza e Goiânia, ambas com 0,77%. Nos dois casos, a principal contribuição veio da gasolina, com variações de 6,48% e 2,33%, respectivamente. Já o menor resultado ocorreu em Recife (-0,26%), onde houve queda no preço da gasolina (-4,66%)“, explicou o IBGE.