Os brasileiros continuam se mostrando confiantes em relação ao cenário econômico do país em 2023. Em abril deste ano, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 3,1% na comparação com o mês anterior.
Com o acréscimo deste resultado, o indicador chegou ao maior nível desde março de 2020. Isso mostra que a maior parte das preocupações trazidas pela pandemia da covid-19 foram superadas pela população.
Em outras palavras, os consumidores estão cada vez mais otimistas com a recuperação econômica do Brasil neste ano. Por isso que a intenção de consumo só fez crescer nos últimos meses, refletindo as expectativas positivas da população para o futuro.
De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ICF chegou a 97,1 pontos em abril.
A saber, esta foi a 15ª alta consecutiva do indicador, que ainda precisa subir mais um pouco para alcançar o patamar de fevereiro de 2020 (99,3 pontos), último mês antes da decretação da pandemia.
Embora venha crescendo há 15 meses consecutivos, o ICF continua abaixo da zona de satisfação (100 pontos), mesmo que a distância seja a menor dos últimos anos.
Aliás, desde abril de 2015 (102,9 pontos) que o indicador não alcança os 100 pontos. Isso mostra que a intenção dos brasileiros em gastar ainda se encontra em patamar baixo, mas a melhora observada nos últimos meses segue em ritmo forte.
Queda da inflação fortalece consumo
Segundo o levantamento, a melhora dos dados relacionados à inflação estão ajudando a impulsionar a intenção de consumo dos brasileiros. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que essa é uma ótima notícia para o setor terciário do país.
“Com a diminuição da inflação superando as expectativas na conclusão do primeiro trimestre, no qual os orçamentos estavam comprometidos com gastos sazonais como pagamento de impostos, compra de material escolar e férias, por exemplo, os consumidores iniciam o segundo trimestre de 2023 com a disposição renovada para o consumo”, disse Tadros.
Vale destacar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 2022 subiu 5,79%. Essa variação foi bem menor que a registrada em 2021, quando o índice havia disparado 10,06%.
No entanto, para 2023, a projeção de analistas do mercado financeiro é que a inflação supere os 6%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil, termo que se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) possui sete componentes:
- Momento para duráveis: +6,2%
- Nível de consumo atual: +4,8%
- Perspectiva de consumo: +4,2%
- Renda atual: +3,0%
- Perspectiva profissional: +2,9%
- Emprego atual: +1,3%
- Acesso ao crédito: +0,9%
“A alta [do ICF] reverteu a desaceleração apontada em março. Com a inflação caindo mais do que o esperado e passado o primeiro trimestre em que os orçamentos estavam comprometidos com despesas sazonais, o consumidor começou o segundo trimestre mais disposto a consumir”, explicou a CNC.
A perspectiva de consumo teve o maior avanço desde maio de 2018, mas segue na zona negativa (81,4 pontos). O acesso ao crédito também está na zona negativa (90,1 pontos), mas a situação mais crítica é para o componente relacionado aos bens duráveis, cujo nível está muito baixo (55,8 pontos).
Aumento da renda impulsiona intenção de compra
Em abril, as famílias do país se mostraram mais otimistas em relação à renda atual. Com isso, o componente atingiu o maior nível durante a pandemia da covid-19, chegando a 114,7 pontos. Em suma, 35,8% dos consumidores consideram que a renda está melhor do que há um ano, maior percentual dos últimos três anos.
Além disso, houve maior satisfação dos brasileiros com o emprego. Isso porque a geração de vagas formais, principalmente pelo setor de serviços, fortaleceu a intenção de consumo, ainda mais entre as famílias de menor rendimento por causa do aumento das contratações de pessoas com menor nível de escolaridade.
De todo modo, esses fatores ganharam mais força com os dados da inflação, que vieram abaixo do esperado. Em síntese, o IPCA teve uma taxa anual de 4,65% em março, abaixo do esperado pelo mercado (4,75%).
“Além disso, a inflação de serviços caiu, e o índice de difusão, que representa a quantidade de itens que tiveram aumento de preços, é o segundo menor desde agosto de 2020”, disse a CNC.
Por fim, a intenção de consumo entre as famílias que recebem até 10 salários mínimos cresceu 3,0%, para 94,5 pontos. Já entre as famílias que possuem recebem mais de 10 salários mínimos, o aumento foi de 3,4%, para 110,8 pontos.