As famílias do país parecem estar cada vez mais dispostas a manterem seus hábitos de consumo em 2023. Em maio deste ano, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 2,4% na comparação com abril, mantendo a tendência de alta no país.
Com o acréscimo deste resultado, o indicador chegou ao maior nível desde março de 2020. Isso mostra que a todas as preocupações trazidas pela pandemia da covid-19 foram superadas no país, visto que o indicador recuperou as perdas dos últimos anos.
Em outras palavras, os consumidores se mostram mais otimistas com a recuperação econômica do Brasil neste ano. Por isso que a intenção de consumo vem registrando crescimento nos últimos meses, refletindo as expectativas positivas da população para o futuro.
De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ICF chegou a 96,7 pontos em maio.
Essa foi a 16ª alta consecutiva do indicador, que ainda precisa subir mais um pouco para alcançar o patamar de fevereiro de 2020 (99,3 pontos), último mês antes da decretação da pandemia.
Embora venha crescendo há 16 meses consecutivos, o ICF continua abaixo da zona de satisfação (100 pontos), mesmo que a distância seja a menor dos últimos anos.
Aliás, desde abril de 2015 (102,9 pontos) que o indicador não alcança os 100 pontos. Isso mostra que a intenção dos brasileiros em gastar ainda se encontra em patamar ligeiramente baixo, mas a melhora observada nos últimos meses continua em ritmo forte no país.
Queda da inflação fortalece consumo
Segundo o levantamento, a melhora dos dados relacionados à inflação está ajudando a impulsionar a intenção de consumo dos brasileiros. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou a desaceleração da taxa inflacionária no país, que incentiva a população a manter os hábitos de consumo.
“Houve crescimento de todos os indicadores nas comparações mensal e anual, especialmente por conta das sucessivas quedas da inflação além do esperado, o que tem deixado os consumidores mais dispostos a consumir“, disse Tadros.
Vale destacar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 2022 subiu 5,79%. Essa variação foi bem menor que a registrada em 2021, quando o índice havia disparado 10,06%.
No entanto, a taxa acumulada em 12 meses até abril deste ano chegou a 4,18%, refletindo a desaceleração da taxa no país. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil, termo que se refere ao aumento generalizado dos preços de produtos e serviços.
A saber, o indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) possui sete componentes:
- Momento para duráveis: +5,5%
- Nível de consumo atual: +3,4%
- Perspectiva de consumo: +2,9%
- Renda atual: +2,9%
- Emprego atual: +1,6%
- Perspectiva profissional: +1,2%
- Acesso ao crédito: +0,8%
“Com crescimento de todos os indicadores nas comparações mensal e anual, a inflação caindo mais do que o esperado tem deixado os consumidores mais dispostos a consumir. Além disso, o mercado de trabalho segue apontando alta das contratações formais, mesmo que em menor intensidade”, explicou a CNC.
Cabe salientar que, entre os sete componentes, quatro deles apresentaram taxas superiores a 100 pontos: emprego atual (121,6 pontos), renda atual (115,3 pontos), perspectiva profissional (111,4 pontos) e perspectiva de consumo (102,0 pontos).
Por outro lado, as demais taxas permaneceram na zona de pessimismo. Enquanto os componentes de acesso ao crédito (89,3 pontos) e nível de consumo atual (81,5 pontos) tiveram taxas relativamente baixas, mas a situação mais crítica continua com o componente momento para duráveis (56,0 pontos).
Famílias de renda mais baixa se destacam
Em maio, as famílias de renda mais baixa exerceram a maior influência no aumento da intenção de consumo no país. Em resumo, o ICF cresceu 3,1% para as famílias que recebem até dez salários mínimos e 2,3% para quem recebe mais de dez salários mínimos.
“A maior intenção de compra entre os mais pobres está relacionada à melhora da avaliação da renda por esse grupo. Tanto no mês quanto no ano, a percepção de que o dinheiro está comprando mais cresceu em maior intensidade entre os consumidores de rendas média e baixa (3,1% e 31,2%, respectivamente)”, informou a CNC.
Da mesma forma, o indicador de emprego também refletiu o maior otimismo entre as famílias de menor renda do país. As taxas de crescimento foram de 2,1% e 0,7%, respectivamente, na comparação com abril. Já em relação a maio de 2022, os respectivos avanços foram de 16,1% e 10,9%.
Segundo a CNC, “o consumidor de baixa renda está mais seguro no emprego, o que tem levado à maior satisfação no trabalho por esse grupo”.