IA reduz 34% do tempo de diagnóstico de lesões graves na coluna cervical

Inteligência artificial reduz em 34% tempo de diagnóstico de lesões graves na coluna cervical

Tecnologia implantada em hospitais estaduais de SP analisa tomografias e “poupa” 40 minutos para detectar fraturas; tempo cai de 2 horas para 1h20 com software implantado pela FIDI

Hospitais da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo conseguiram reduzir em 34% o tempo de diagnóstico de lesões graves na coluna cervical por meio de inteligência artificial. Isso foi possível porque a tecnologia foi capaz de analisar exames de tomografia para detectar fraturas graves cerca de 40 minutos mais rapidamente. É o que mostra um balanço inédito divulgado pela pasta.

LEIA MAIS: Estudo valida inteligência artificial que prevê complicações da covid-19

Com esta ferramenta, foram analisados mais de 6 mil exames da coluna vertebral entre 2019 e 2021, possibilitando o rápido diagnóstico de possíveis lesões graves ou fraturas na coluna cervical. Consequentemente, os hospitais conseguiram priorizar o atendimento desse grupo, o que ajudou a reduzir eventuais sequelas. 

A secretaria explicou que o software utilizado neste tipo de exame computadorizado – realizado na coluna cervical de pacientes atendidos em hospitais estaduais – foi implantado pela Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI). A FIDI é uma empresa sem fins lucrativos que utiliza seus recursos em assistência médica à população brasileira, além de ser responsável por gerir sistemas de diagnóstico por imagem na rede pública de saúde. 

A ferramenta está em uso no Conjunto Hospitalar do Mandaqui, Hospital Regional de Osasco e Hospital Geral de Pedreira, localizados na Grande São Paulo. Segundo o diretor do HR de Osasco, Jorge Farah, um dos principais serviços de referência para traumas, o resultado otimiza a assistência. “Nosso hospital é referência para trauma e esta tecnologia nos ajuda a otimizar e qualificar o atendimento a cada paciente”, afirma. 

Como funciona

O processo segue o seguinte fluxo: após a realização da tomografia na coluna vertebral no hospital, as imagens seguem para o servidor da FIDI, que identifica o exame da coluna cervical, anonimiza os dados do paciente e a envia para o servidor na nuvem da startup parceira, a Aidoc. As imagens são devolvidas para o servidor da FIDI com as marcações das lesões, se houver. 

O exame é identificado novamente com os dados do paciente e segue para a central de laudos da fundação de pesquisa. Lá, o sistema prioriza o exame que apresenta quadro grave, permitindo ao médico radiologista a análise e o laudo mais ágil, contribuindo para acelerar o atendimento ao paciente. Em seguida, o especialista que demandou o exame é notificado diretamente pelo celular, caso seja identificado uma lesão grave. 

A agilidade para identificar e tratar estas lesões é fundamental, afirma o médico radiologista e Superintendente de Inovação e Dados da FIDI, Igor dos Santos. De acordo com ele, ” fratura no alto da coluna, ou seja, na cervical, pode causar a perda parcial ou total da sensibilidade e dos movimentos do corpo. “A identificação rápida do dano feita pelo sistema possibilita maiores chances de uma recuperação efetiva.” 

Com o mesmo intuito, a tecnologia também analisa outras tomografias, como a de crânio e tórax. O projeto completo está presente não somente em hospitais públicos de São Paulo, mas também em Goiânia (GO). 

Parceria com startup internacional

Para esta iniciativa, a fundação de pesquisa mantém uma parceria com a startup Aidoc, focada em aplicar inteligência artificial à radiologia e responsável por identificar condições urgentes e com risco de sequelas graves ou morte nas tomografias computadorizadas. 

Fundada em 2016, a Aidoc explica que suas soluções de inteligência artificial ajudam os radiologistas a reduzir o tempo de resposta e aumentar a qualidade e eficiência, sinalizando anomalias agudas em tempo real. A empresa é parceira de grandes fornecedores de tecnologia para o mercado de saúde, como a General Electric (GE) Healthcare’s e a Philips. 

“O desenvolvimento tecnológico foi pensado para o benefício do paciente. Com a ferramenta, agilizamos e reforçamos o atendimento de pessoas com quadro mais grave para o especialista ter conhecimento das prioridades, algo que nem sempre é visível antes da análise de cada exame”, pontua Santos, da FIDI.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Obrigado por se cadastrar nas Push Notifications!

Quais os assuntos do seu interesse?