Inteligência Artificial está “ressuscitando” atores
Entenda como funciona o processo que "ressuscita" atores ao redor do mundo, e as preocupações em torno do tema.
Já imaginou ir ao cinema e acompanhar a estreia de um filme estrelado por um ator que já morreu há décadas? A possibilidade parece distante, mas a verdade é que este cenário pode se tornar mais comum do que se imagina. Alguns estúdios de cinema estão trabalhando para “ressuscitar” atores por meio de inteligência artificial.
O sistema poderá ser possível por meio das chamadas deepfakes. Trata-se de um técnica que consegue sobrepor um rosto por cima do outro. Neste caso, um estúdio poderia eternizar a imagem de um artista, fazendo uso da mesma por quantos anos quisesse e da forma que desejasse.
E não é que este é um cenário futuro. Alguns dos artistas mais famosos do mundo já foram “ressuscitados” por Inteligência Artificial. Veja abaixo alguns casos:
Casos de pessoas ressuscitadas por IA
- Anthony Bourdain
Renomado apresentador de TV nos Estados Unidos voltou a estar presente em produções através da recriação de sua voz para narrar trechos do documentário Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain.
- Bruce Lee
Uma das figuras mais icônicas do cinema de ação, Bruce Lee apareceu em um comercial 40 anos depois da sua morte. O comercial em questão foi pago pela marca de uísque Johnnie Walker.
- Chespirito (Roberto Bolaños)
Um dos atores estrangeiros mais conhecidos e queridos no Brasil, Roberto Bolaños, que interpreta os personagens Chaves e Chapolim, também foi trazido de volta através do IA. Um serviço de streaming chamado Dish utilizou tecnologia deepfake para reviver o ator no papel de Chaves em um comercial.
- Christopher Reeve
Muito antes dos atuais filmes de herói, Christopher Reeve já era admirado por legiões de fãs pela sua interpretação do personagem Superman. O ator foi apresentado no filme The Flash de 2023, em um momento em que o longa apresenta os diferentes universos da DC.
Greve contra Inteligência Artificial
Este avanço tecnológico, no entanto, preocupa um grupo em especial: os atores e atrizes. Os profissionais da atuação estão preocupados com uma série de pontos em relação ao uso das suas imagens. Não é por acaso que a SAG-AFTRA está em greve. Estima-se que mais de 160 mil membros estejam com os braços cruzados.
- Atores
Uma das preocupações em relação ao processo do uso da Inteligência Artificial gira em torno da redução dos empregos. Afinal de contas, se os estúdios puderem criar personagens artificiais e 100% digitais, não existiria mais necessidade de contratar novos atores.
No caso específico destes profissionais, há uma preocupação também em relação aos figurantes, ou as pessoas que atuam em produções com papeis menores. Existe uma avaliação de que o sistema de Inteligência Artificial vai começar a substituir primeiramente estes trabalhadores.
“Eles (os estúdios) propõem que nossos artistas de fundo possam ser scaneados, sejam pagos por um dia de pagamento e sua empresa deva possuir essa digitalização, sua imagem, sua semelhança e poder usá-la pelo resto da eternidade em qualquer projeto que eles querem sem consentimento e sem compensação”, disse Duncan Crabtree-Ireland, negociador-chefe do sindicato.
- Roteiristas
A IA também vem sendo um desafio para os roteiristas de maneira geral. Este profissionais temem que recursos como ChatGPT passem a serem usados para escrever peças, filmes e seriados completos, o que poderia fazer com que os trabalhadores da área percam os seus postos de trabalho em um futuro não tão distante.
“Se não nos mantivermos firmes agora, todos estaremos em apuros. Todos nós correremos o risco de sermos substituídos por máquinas”, disse Fran Drescher, presidente da SAG-AFTRA.
O que dizem os estúdios
Os estúdios negam que desejam usar a imagem dos atores e figurantes sem permissão. A Alliance of Motion Pictures and Television Producers (AMPTP), que representa estas empresas, disse que segue em negociações com o sindicato.
“As novas projeções de IA protege as semelhanças digitais dos artistas, incluindo uma exigência de consentimento para criação e uso de réplicas digitais ou para alterações digitais de uma performance”.