A inflação no Brasil subiu de maneira mais tímida em 2023, aliviando um pouco o orçamento dos brasileiros. A taxa do IPCA acumulada entre janeiro e dezembro ficou em 4,62%, abaixo da variação registrada em 2022 (5,79%).
Em síntese, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é a inflação oficial do Brasil. Aliás, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços, e a variação observada em 2023, apesar de indicar encarecimento dos produtos, desacelerou em relação ao ano anterior.
Veja os itens que ficaram mais caros em 2023
Embora a inflação tenha desacelerado em 2023, sua redução não foi tão expressiva assim. Na verdade, a alta foi apenas um pouco menor que a de 2022, e isso aconteceu por causa de alguns itens, que ficaram mais caros no ano passado e pesaram na renda dos brasileiros.
Em resumo, o grande destaque de 2023 foi o morango, cujo preço subiu significativamente em relação ao ano anterior. Isso aconteceu, principalmente, porque a muda do fruto ficou mais cara para os produtores rurais, que repassaram os custos para os consumidores.
Vale destacar que o encarecimento do morango fez muitos produtores de São Paulo e Minas Gerais, principais estados que cultivam a fruta no país, reduzirem o plantio. Como a oferta do item ficou menor, o seu valor subiu nos supermercados.
A saber, o cultivo do morango não depende apenas dos frutos, mas, principalmente, das mudas. Segundo especialistas, o custo de produção de mudas se equipara aos gastos de plantio, pois envolve diversos elementos, como adubos, embalagens e defensivos. O problema é que tudo isso ficou mais caro em 2023, pesando no orçamento dos agricultores.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela medição do IPCA, o morango registrou a maior alta entre todos os 377 itens pesquisados em 2023. Isso mostra que a disparada nos preços do item aconteceu de maneira muito intensa no país, afetando as famílias brasileiras.
Legumes dominam o top 10 de altas
Baseando-se nos dados divulgados pelo IBGE, o portal de notícias g1 fez um levantamento dos itens cujos preços mais subiram em 2023. Em meio ao aumento da inflação no país, os itens que mais se destacaram no ano passado, dominando o top dez, foram frutas, verduras e legumes.
Todos os itens presentes no top dez acumularam variações superiores a 30%. Contudo, apenas o morango ultrapassou a marca de 70%, com o seu preço disparando em relação a 2022. Por isso, muita gente que gostava de consumir a fruta teve que escolher outras opções com preços mais acessíveis no ano passado.
Confira abaixo os dez itens cujos preços mais subiram em 2023:
- Morango: 75,56%;
- Pepino: 54,43%;
- Passagem aérea: 47,24%;
- Abobrinha: 44,91%;
- Tangerina: 43,06%;
- Cenoura: 40,16%;
- Repolho: 39,84%;
- Azeite de oliva: 37,11%;
- Abacaxi: 30,80%;
- Alface: 30,78%.
Fora do top dez, no top 50, os itens que se destacaram foram arroz (24,54%, na 16ª posição), ar condicionado (23,72%, na 19ª posição), feijão preto (13,20%, na 33ª posição), transporte público (12,67%, na 37ª posição), gasolina (12,09%, na 40ª posição) e plano de saúde (11,52%, na 42ª posição).
Preços do grupo alimentação sobem menos
Em 2022, os preços do grupo alimentação e bebidas disparou 11,64% no país, impactando o IPCA em 2,41 pontos percentuais (p.p.). Já em 2023, a alta foi de apenas 1,03%, impactando a inflação do Brasil em 023 p.p., abaixo da taxa nacional.
“O grupo de produtos alimentícios ficou abaixo do resultado geral e ajudou a segurar o índice de 2023. Houve quatro quedas seguidas no meio de ano, o que contribuiu para esse resultado“, explicou o gerente do IPCA, André Almeida.
“A queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja e o milho“, acrescentou.
O pesquisador também destacou que o arroz ficou mais caro pelo quinto mês consecutivo. Ele disse que o clima desfavorável impactou a produção, encarecendo o grão no país.
“Já a alta do feijão tem relação com a redução da área plantada, o clima adverso e o aumento do custo de fertilizantes“, afirmou Almeida.
Óleo de soja e cebola ficam mais baratos
Em 2022, a cebola foi considerada a vilã da inflação, com seu preço subindo mais de 100% no país, em relação ao ano anterior. Contudo, em 2023, aconteceu justamente o contrário, e o item foi o segundo que mais caiu no país, aliviando um pouco o orçamento das famílias.
Aliás, a cebola só não registrou uma queda mais intensa que o óleo de soja, que figurou como o item com o maior recuo anual. Isso aconteceu graças à colheita recorde de soja no país, que aumentou a oferta e reduziu os preços no varejo nacional.
Veja os dez itens cujos preços mais caíram em 2023:
- Óleo de soja: -28,00%;
- Cebola: -25,32%;
- Abacate: -22,71%;
- Doce de frutas em pasta: -22,53%;
- Fígado: -20,28%;
- Limão: -15,99%;
- Óleos e gorduras: -14,44%;
- Feijão-carioca (rajado): -13,77%;
- Leite condensado: -13,59%;
- Pá: -12,59%.