Inflação no Brasil ACELERA em agosto, mas vem ABAIXO do esperado
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em agosto, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,12%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta terça-feira (12). A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
O resultado veio abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,28% em agosto. Isso aconteceu, principalmente, por causa dos preços da alimentação, com vários itens registrando queda em seus valores no mês passado, limitando a alta da inflação.
Com o acréscimo do resultado de agosto, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses ganhou força, passando de 3,99% para 4,61%.
O que é inflação? Saiba de uma vez
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país. Em 2023, apenas junho registrou deflação. Nos demais meses, os preços só fizeram subir no Brasil.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Energia elétrica impulsiona inflação no Brasil
O IBGE revelou que seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em agosto, indicando um resultado mais forte para os avanços dos preços, fazendo a inflação acelerar em relação a julho.
Em suma, o destaque em agosto ficou com o grupo habitação, cujos preços subiram 1,11%, ante queda de 1,01% no mês anterior. Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,17 ponto percentual (p.p.) no IPCA de agosto.
A saber, o item energia elétrica residencial influenciou o índice em 0,18 p.p., variação mais expressiva que a do próprio grupo habitação. Isso aconteceu porque os preços da energia dispararam 4,59% em agosto, impulsionando o IPCA.
“O aumento na energia elétrica foi influenciado, principalmente, pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu, referente a um saldo positivo na conta de comercialização de energia elétrica de Itaipu em 2022, que foi incorporado nas contas de luz de todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional em julho e que não está mais presente em agosto“, explicou o gerente do IPCA/INPC, André Almeida.
Veja a variação dos grupos do IPCA em agosto
O grupo habitação teve a maior variação entre os grupos pesquisados pelo IBGE. Contudo, não foi o único a registrar alta dos preços no mês. Confira abaixo a variação registrada por todos os nove grupos em agosto:
- Habitação: 1,11%;
- Educação: 0,69%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,58%;
- Vestuário: 0,54%;
- Despesas pessoais: 0,38%;
- Transportes: 0,34%;
- Artigos de residência: -0,04%;
- Comunicação: -0,09%;
- Alimentação e bebida: -0,85%.
Vale destacar que o grupo habitação havia registrado a maior queda em julho entre os grupos pesquisados, mas inverteu sua posição e apresentou a maior alta agora em agosto. Outro grupo que também saiu do campo negativo para o positivo foi vestuário (-0,24% para 0,54%).
“O que contribuiu para a aceleração foi a alta em higiene pessoal, passando de -0,37% em julho para 0,81% em agosto. Também houve alta nos preços dos produtos para pele (4,50%) e dos perfumes (1,57%)“, disse Almeida.
Alimentação mais barata no mês
Embora os preços tenham acelerado em alguns grupos, pressionando a inflação em agosto, não foi isso o que aconteceu com o grupo alimentação. Em síntese, os preços da alimentação já haviam caído em julho (-0,46%), mas o recuo ficou ainda mais intenso em agosto (-0,85%), ajudando a limitar a alta do IPCA, que veio abaixo do esperado.
“Temos observado quedas ao longo dos últimos meses em alguns itens importantes no consumo das famílias como, por exemplo, a carne bovina e o frango, que está relacionado à questão de oferta. A disponibilidade de carne no mercado interno está mais alta, o que tem contribuído para a queda nos últimos meses“, avaliou André Almeida.
Veja as quedas mais importantes registradas em agosto:
- Batata-inglesa (-12,92%);
- Feijão-carioca (-8,27%);
- Tomate (-7,91%);
- Leite longa vida (-3,35%);
- Frango em pedaços (-2,57%);
- Carnes (-1,90%).
Por outro lado, dois itens tiveram os principais avanços de agosto: arroz (1,14%) e frutas (0,49%), destacando-se o limão (51,11%) e a banana-d’água (4,90%). Entretanto, os avanços não impediram a queda dos preços no grupo alimentação em agosto.