O Ibovespa subiu pela quarta vez consecutiva e voltou à marca dos 117 mil pontos, algo que não acontecia desde meados de setembro. Nesta quarta-feira (11), os dados positivos em relação à inflação do Brasil atraíram investidores, mas exterior ainda preocupa mercado.
Na sessão de hoje, o Ibovespa subiu 0,27%, a 117.051 pontos. A propósito, este é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
Com o acréscimo deste avanço, o indicador aumentou os ganhos em outubro, para 0,42%. Já em 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 6,67%. Aliás, o avanço chegou a superar 11% entre janeiro e julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando quase metade do saldo acumulado no ano até então.
Naquele mês, o Ibovespa teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1%, tombo considerado pequeno para a quantidade de sessões em campo negativo.
Inflação no Brasil anima investidores
Nesta quarta-feira (11), o que mais repercutiu entre os investidores foi a taxa inflacionária do Brasil em setembro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,26% em setembro.
A saber, o IPCA é considerado a inflação oficial do Brasil, por isso que estes dados são tão importantes para os analistas. Isso porque a definição de juros e as projeções de crescimento econômico sempre levam em consideração as variações do IPCA.
O resultado de setembro foi muito positivo, pois a inflação veio abaixo do esperado pelos analistas (0,33%). Como os juros estão caindo no Brasil, e muitos temiam que a redução dos juros pudesse fortalecer a taxa inflacionária, o resultado de setembro confirma que isso não está acontecendo.
Em síntese, o Banco Central (BC) reduziu em 1,0 ponto percentual a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, entre agosto e setembro, e deverá promover mais um corte de igual magnitude até o final do ano.
As reduções só foram possíveis devido à desaceleração da inflação no Brasil. Isso porque a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a taxa inflacionária no país, uma vez que a Selic elevada pressiona os juros no país. Assim, há uma redução no poder de compra do consumidor, já que o crédito fica mais caro no Brasil, e a demanda se enfraquece, limitando a alta da inflação.
Os juros elevados acabam enfraquecendo a atividade econômica do país, e os investidores não querem que isso aconteça no Brasil. Pelo contrário, torcem pela recuperação econômica do país, o que reflete mais dinheiro em circulação. E essa expectativa ajudou a impulsionar o Ibovespa nesta quarta-feira (11).
Inflação nos EUA limita alta do Ibovespa
Nesta quarta-feira (11), o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que os preços ao produtor subiram 0,5% em setembro, acima das projeções de analista (0,3%). Isso preocupou o mercado e limitou a alta do Ibovespa, que poderia ter tido um dia ainda mais positivo. Ainda assim, não foi capaz de puxar o indicador para o campo negativo na sessão.
Aliás, isso só não aconteceu porque dirigentes do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, afirmaram que a entidade não deverá elevar a taxa de juros nos EUA. Caso o Fed opte por faze isso, a decisão só acontecerá após discussões com muita cautela, tudo para evitar danos à economia norte-americana.
Na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais. Isso aumentou as preocupações entre os investidores, algo que acabou enfraquecendo o Ibovespa.
Conflitos no Oriente Médio estão no radar
No último sábado (7), o grupo extremista islâmico Hamas atacou Israel, que contra-atacou em seguida. Essas ofensivas provocaram a morte de mais de duas mil pessoas, segundo os dados mais recentes. Também há milhares de desaparecidos e o Hamas sequestrou dezenas de reféns.
Esse cenário caótico provocou a disparada de mais de 4% dos preços do barril de petróleo na última segunda-feira (9). O encarecimento do petróleo, que é uma das principais commodities do mundo, tem força para elevar a inflação global, o que pode pressionar os bancos centrais a manterem os juros elevados.
Por sua vez, os juros altos enfraquecem a atividade econômica dos países. Logo, o aumento dos juros não é algo benéfico para os países, mas é uma medida necessária para controlar a inflação.
Apesar de tudo isso, o Ibovespa vem subindo nos últimos dias porque os investidores não estão considerando que os conflitos irão impactar a economia global. Na verdade, muitos afirmam que se trata de um problema humanitário e que não terá forças para pressionar a inflação mundial.
De todo modo, o mercado continua analisando toda a situação, tendo como principais preocupações:
- A participação de potências nucleares nos conflitos, como Estados Unidos, Irã e Rússia;
- A retaliação da Liga Árabe devido ao apoio do Ocidente à Israel, reduzindo a oferta de petróleo;
- A pressão aos juros, caso o petróleo e o câmbio disparem.
41 das 86 ações do Ibovespa sobem na sessão
Na sessão de hoje (11), 41 das 86 ações listadas no Ibovespa subiram, enquanto outras 42 caíram e três se mantiveram estáveis. O resultado mostra que o indicador até poderia ter caído no dia, mas os avanços exerceram um impacto mais intenso no índice, mantendo-o no campo positivo.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 14 bilhões no pregão de hoje, 30% abaixo da média dos últimos 12 meses, de R$ 20 bilhões. Em outubro, a média está em R$ 14,9 bilhões.