Inflação em queda e PIB em alta: confira as estimativas mais recentes do mercado financeiro
Analistas voltam a reduzir previsões para a inflação no Brasil em 2024, após nove semanas de alta; PIB sobe de novo
Após nove semanas de alta, os analistas do mercado financeiro reduziram as projeções para a inflação no Brasil em 2024 na semana passada. O resultado pode indicar que os economistas não estão muito pessimistas com o desempenho do indicador neste ano como anteriormente, mas é preciso aguardar as próximas previsões.
De acordo com o boletim Focus, divulgado na segunda-feira (15) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 4,00% neste ano, levemente abaixo da projeção anterior (4,02%). Há quatro semanas, a taxa estava em 3,96%, ou seja, as previsões subiram nas últimas semanas, mas de maneira bem leve.
Cabe salientar que a taxa segue dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
A saber, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Para 2025, os analistas projetam uma taxa inflacionária de 3,90% no país, superando a última estimativa (3,88%) e avançando pela 11ª semana seguida. A inflação deverá ficar bem próxima a deste ano, visto que os juros também deverão se manter em nível semelhante ao de 2024.
Qual a importância de uma inflação controlada?
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 4,00%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
Analistas elevam projeções para o PIB brasileiro
O boletim Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Da mesma forma que as previsões para a inflação se elevaram, o mercado também está prevendo um crescimento um pouco mais firme da economia brasileira neste ano.
Em síntese, a taxa passou de 2,10% para 2,11% em 2024. Esse crescimento deverá ser menor que a alta registrada em 2023, quando o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior. O resultado do ano passado foi bem semelhante a alta de 2022 (3,0%) e superou significativamente as estimativas de economistas do início do ano passado, de 1,0%.
A expectativa é que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 ainda surpreenda o mercado e cresça mais que o esperado atualmente pelos economistas. Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o avanço da economia brasileira será superior a 2,2%, taxa projetada pela pasta.
Já para 2025, as estimativas se mantiveram em 1,97%. A alta estimada para o ano que vem é bem parecida com a projetada para 2024, e ela não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, 2024.
Taxa de juros no Brasil
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 10,50% neste ano. Nos últimos meses, o BC promoveu cortes na Selic, totalizando uma redução de 3,25 pontos percentuais entre agosto de 2023 e maio deste ano. Atualmente, a taxa de juros está em 10,50% ao ano.
Isso significa que o BC não deverá promover mais qualquer redução na taxa de juros neste ano, ao menos é isso o que analistas acreditam. Esse prognóstico é bem diferente do observado há alguns meses, quando os analistas acreditavam que o BC manteria seus cortes de meio ponto percentual por mais tempo, para 9,00% ao ano.
A saber, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como os preços dos produtos cresce quando há maior demanda, o contrário também acontece. Assim, ao elevar os juros e reduzir as chances da população gastar, mais controlada tende a ficar a inflação.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,50%, patamar um pouco menor que o esperado para o final deste ano. O BC não deverá elevar os juros no ano que vem, visto que a taxa de inflação também deverá ficar levemente menor em 2025.