Inflação da indústria brasileira SOBE em janeiro, diz IBGE
Avanço interrompe sequência de cinco quedas consecutivas; indústrias extrativas impulsionam inflação do setor no país
A inflação da indústria brasileira subiu 0,29% em janeiro de 2023, na comparação com o mês anterior. O avanço interrompe uma sequência de cinco meses consecutivos de queda, período em que a inflação industrial ficou menos intensa no Brasil.
“O resultado de janeiro vem após um período de cinco meses seguidos de queda, período em que acumulou uma redução de 7,37% no IPP. Esse é o menor resultado positivo desde setembro de 2021 (0,25%)”, explicou Murilo Alvim, analista do IPP.
Na verdade, a queda nos preços observada nos últimos meses de 2022 fez a inflação da indústria em 2022 ser a terceira menor da série histórica, que teve início em 2014.
Em resumo, os brasileiros que buscaram bens ou serviços industriais no ano passado enfrentaram um leve aumento de 3,13% dos preços no país. A título de comparação, a taxa inflacionária em 2022 ficou 25 pontos percentuais (p.p.) inferior a de 2021.
Todos estes dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta semana.
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país”.
“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados”, informa o instituto.
O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Inflação em janeiro não fica muito disseminada
A alta dos preços em janeiro não foi muito disseminada entre os setores industriais. Segundo o IBGE, a alta da inflação atingiu 14 das 24 atividades industriais pesquisadas.
Em suma, as quatro maiores variações registradas em janeiro seguiram direções opostas. Isso porque duas delas ficaram em campo positivo, enquanto as outras duas estavam em campo negativo. Isso explica a variação da inflação, que não teve uma alta muito firme no mês.
Seja como for, veja abaixo as atividades com as maiores variações em janeiro:
- Indústrias extrativas: +9,62%
- Bebidas: +5,30%;
- Papel e celulose: -3,37%;
- Calçados e produtos de couro: -2,25%.
“Há uma clara diferença entre as indústrias extrativas e as de transformação. Enquanto as de transformação continuaram com tendência de queda, as extrativas reverteram sete meses consecutivos de redução e tiveram a maior alta dentre todos os setores pesquisados”, disse Alvim.
Por falar nisso, os preços das indústrias extrativas subiram significativamente em janeiro, impactando a inflação industrial em 0,42 p.p. Em síntese, a alta de 9,62% das indústrias extrativas é o primeiro resultado positivo desde maio de 2022 (+12,55%).
“O minério de ferro foi o principal responsável por essa alta. A cotação do produto no mercado internacional foi afetada pela expectativa de um aumento na demanda, em consequência de uma possível recuperação econômica da China”, informou Murilo Alvim.
Outras atividades que exerceram fortes influências sobre o resultado do IPP em janeiro foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-0,18 p.p.), bebidas (0,12 p.p.) e alimentos (0,12 p.p.).
Preços dos alimentos sobem no país
Os preços dos alimentos na “porta de fábrica” subiram 0,48% em janeiro. Esse é o segundo avanço consecutivo, após quatro meses de queda. Em resumo, a inflação desta atividade foi bem menor que a das indústrias extrativas, mas o impacto no IPP ainda foi bem expressivo no primeiro mês de 2023.
No acumulado de 12 meses, o setor exerceu a maior influência na inflação da indústria brasileira, respondendo por 1,34 p.p.. Aliás, o IPP acumulou uma alta de 2,24% nos últimos 12 meses até janeiro, ou seja, mais da metade dessa taxa foi provocada pelos alimentos.
De acordo com o IBGE, os preços dos alimentos subiram em janeiro devido a dois principais fatores:
- Aumento dos preços do grupo de laticínios devido a fatores climáticos, que elevaram o custo de produção;
- Elevação dos preços do grupo de fabricação e refino de açúcar, associada à redução da oferta por causa do período de entressafra da cana e do aumento da demanda externa pelos produtos.
Vale destacar que o setor de alimentos é o de maior contribuição no cálculo do Índice de Preços ao Produto. Em suma, o setor responde por mais de 23% da variação do índice, segundo o IBGE. Por isso que sua variação, apesar de não ter sido muito expressiva, foi suficiente para colocar o grupo em destaque em janeiro.
Por fim, “o IPP investiga os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais”. O IBGE revelou que há uma coleta mensal de cerca de seis mil preços em pouco mais de 2,1 mil empresas.