A produção industrial brasileira fechou o mês de janeiro em queda, na comparação com dezembro de 2022. O recuo no primeiro mês de 2023 foi mais leve que o resultado anterior, mas chama atenção o fato de ser o quinto mês consecutivo de queda.
Aliás, estes resultados sucedem quatro meses de alta da indústria brasileira, entre maio e agosto. À época, a indústria brasileira estava se mantendo em patamar positivo, mas os recuos começaram a acontecer em setembro e duram até hoje.
Os dados fazem parte da Sondagem Industrial, pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta semana.
De acordo com o levantamento, o nível de produção da indústria brasileira passou de 42,8 pontos em dezembro para 46,1 pontos em janeiro. Embora o resultado tenha melhorado, ainda continua em campo negativo, indicando queda da atividade industrial do país.
A propósito, resultados acima da linha divisória dos 50 pontos indicam crescimento da produção no país. Por outro lado, valores abaixo dessa marca refletem a retração da atividade industrial brasileira. E todos os resultados dos últimos cinco meses ficaram abaixo dos 50 pontos:
- Setembro de 2022: 49,0 pontos;
- Outubro de 2022: 48,5 pontos;
- Novembro de 2022: 48,7 pontos;
- Dezembro de 2022: 42,8 pontos;
- Janeiro de 2023: 46,1 pontos.
Vale destacar que o resultado de janeiro, apesar de indicar queda, ficou melhor que o de dezembro. Isso mostra que a queda da indústria foi menos disseminada que no mês anterior. E a expectativa é que os avanços continuem para que a atividade do setor supere os 50 pontos, voltando a ficar no campo positivo.
Emprego na indústria também encolhe
Não foi apenas a atividade industrial que fechou o mês de janeiro em queda. Em síntese, o número de empregados na indústria brasileira atingiu 47,8 pontos no primeiro mês de 2023. Aliás, esse foi o quarto resultado negativo, após cinco altas consecutivas.
Veja abaixo a evolução do número de empregados na indústria brasileira nos últimos meses:
- Maio de 2022: 51,0 pontos;
- Junho de 2022: 50,8 pontos;
- Julho de 2022: 51,2 pontos;
- Agosto de 2022: 52,2 pontos;
- Setembro de 2022: 51,4 pontos;
- Outubro de 2022: 49,6 pontos;
- Novembro de 2022: 49,0 pontos;
- Dezembro de 2022: 46,9 pontos;
- Janeiro de 2023: 47,8 pontos.
Da mesma maneira que a produção industrial, o nível do emprego no setor também ficou abaixo da linha dos 50 pontos, indicando retração. Contudo, a queda também foi menos disseminada que em dezembro, refletindo uma leve melhora da evolução do número de empregados.
A CNI destacou que o resultado de janeiro usualmente é negativo, pois o período é marcado pela redução de empregos no setor. No entanto, a entidade também ressaltou que o recuo ficou menos intenso que dezembro, aumentando o otimismo do setor em relação aos próximos meses.
Expectativas para o futuro melhoram
A CNI também revelou que as expectativas para os próximos meses estão melhores em 2023. Em suma, todos os índices de expectativas aumentaram em fevereiro, refletindo o maior otimismo dos empresários do setor em relação aos próximos seis meses.
Na verdade, os resultados positivos foram observados tanto em janeiro quanto em fevereiro, indicando recuperação das expectativas. Inclusive, vale destacar que houve piora do indicador em novembro e dezembro do ano passado, mas o índice voltou a subir no país.
A intenção de investimento também cresceu em fevereiro, mas de maneira um pouco mais tímida. Em resumo, o avanço de 0,3 ponto fez o indicador chegar a 54,0 pontos, ficando acima da linha divisória dos 50 pontos.
Segundo a CNI, a média histórica do indicador é de 51,4 pontos, ou seja, o resultado de fevereiro segue acima desse valor médio. Isso mostra que há intenção de investir na indústria brasileira em 2023.
Seja como for, a entidade ressaltou que a trajetória de recuperação da intenção de investimentos na indústria tem sido lenta nos últimos meses. Isso vem acontecendo desde a queda de 5,5 pontos acumulada entre outubro e novembro do ano passado. Já em dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o índice recuperou apenas 0,5 ponto.
O levantamento também revelou que a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) ficou estável em 67%, na comparação com dezembro de 2022. A saber, o indicador se manteve acima de 70% nos sete meses anteriores, entre maio e novembro, mas o percentual caiu para 67% em dezembro, e se manteve assim em janeiro.
Por fim, o índice de evolução de estoques ficou em 49,8 pontos em janeiro, levemente abaixo da linha divisória de 50 pontos. Isso quer dizer que houve uma pequena queda dos estoques em relação a dezembro de 2022.