Inadimplência volta a subir no Brasil após dois meses de queda
Após dois meses de queda, inadimplência volta a subir no Brasil, mesmo depois da implementação do Desenrola
Depois de um respiro de dois meses seguidos, o Brasil voltou a registrar um aumento no número de inadimplentes. De acordo com as informações oficiais divulgadas pelo Serasa, mais 320 mil brasileiros entraram para o grupo da inadimplência. O número foi divulgado de maneira oficial nesta quarta-feira (20).
Em números percentuais, pode-se dizer que 43,8% das famílias brasileiras não estão conseguindo pagar as suas contas. Entre as unidades da federação pesquisadas, há um destaque negativo para o Rio de Janeiro, o estado com o maior percentual de famílias em situação de inadimplência.
Abaixo, você pode conferir o ranking com as cinco unidades da federação com o maior nível de endividados.
- Rio de Janeiro 53,17%;
- Amapá 52,86%;
- Distrito Federal 52,45%;
- Amazonas 52,44%;
- Mato Grosso 50,64%.
Como é possível notar, todos estes estados estão acima da média nacional de endividamento.
De quais dívidas estamos falando?
Ainda tomando como base as informações divulgadas pelo Serasa, é possível notar um aumento das despesas básicas de pagamentos de serviços considerados essenciais, como água, luz, gás e telefone. Em agosto, este grupo representou 24,47% das dívidas dos brasileiros.
Este é o maior patamar para esse tipo de dívida desde o início da série histórica, que começou em janeiro de 2019.
Desenrola
O aumento da inadimplência é certamente um grande golpe para o governo federal, que vem alardeando que o programa Desenrola poderá ser uma solução para este problema no Brasil. Os números, no entanto, mostram que o caminho para resolver esta questão são mais complexos do que se imaginava.
Desde que foi lançado, ainda em 15 de julho deste ano, o Desenrola até conseguiu renegociar 1,9 milhão de contratos de pessoas que estavam em situação de inadimplência. Os dados foram divulgados pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) ainda no início desta semana.
“Os bancos estão totalmente envolvidos e dando sua contribuição para que o Desenrola reduza o número de consumidores negativados e ajude milhões de cidadãos a diminuírem seu endividamento”, diz o presidente da Febraban, Isaac Sidney.
Neste sentido, vale lembrar que o programa Desenrola ajudou a indicar uma nova queda no setor de bancos e cartões, ou seja, justamente no grupo que está sendo atendido pelo programa de negociação de dívidas.
O grupo representa 29,29% das dívidas dos brasileiros, sendo o menor patamar de pendências neste ano para o segmento.
Nova fase do Desenrola
Vale frisar ainda que até aqui o Desenrola não está operando com toda a sua força. A grande maioria dos endividados só poderão ser atendidos pelo sistema a partir do final deste mês de setembro, quando as pessoas em situação de vulnerabilidade social poderão ser atendidas.
A ideia é começar a atender os cidadãos que possuem renda per capita de até dois salários mínimos, e que tenham contraído dívidas de até R$ 5 mil, até o dia 31 de dezembro do ano passado. Pessoas que fazem parte do Cadúnico também poderão negociar as suas dívidas.
A nova fase do programa vai ser lançada entre os dias 25 e 29 deste mês, e vai contar com um aplicativo oficial, que ainda não foi lançado. De todo modo, o cidadão interessado já pode adiantar a sua inscrição no sistema gov,br. Ela vai ser exigida.
Quais dívidas poderão ser negociadas?
- Dívidas negativadas registradas no Serasa;
- Dívidas negativadas registradas no SPC;
- Dívidas de consumo de contas de água;
- Contas de luz;
- Contas de telefone;
- Contas de varejo (parcelas atrasadas de lojas, carnês de lojas etc).
Quais dívidas não podem ser negociadas?
- Dívidas com o setor público (impostos, Fies e outras);
- Dívidas com garantia real;
- dívidas de crédito rural;
- financiamento imobiliário;
- operações com funding ou risco de terceiros.
O Desenrola foi uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado.