A população brasileira recebeu uma grande notícia nesta semana. Em outubro deste ano, 40,49% dos brasileiros adultos estavam inadimplentes, ou seja, com o nome sujo. Significa dizer que quatro em cada dez adultos tinham dívidas atrasadas no Brasil no mês passado.
Em números absolutos, o país estava com 66,25 milhões de pessoas inadimplentes. Esse dado é muito elevado, mas vale destacar que a taxa de inadimplência caiu pelo terceiro mês consecutivo. Logo, o resultado de outubro é o menor dos últimos meses, refletindo a melhora da situação financeira das famílias.
A saber, o levantamento foi realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A série história teve início em 2014 e vem mostrando os dados da inadimplência no Brasil.
Confira abaixo as taxas de inadimplência nos últimos meses:
- Agosto: 40,90%;
- Setembro: 40,71%;
- Outubro: 40,49%.
Por que a taxa de inadimplência está caindo no Brasil?
De acordo com o presidente da CNDL, José César da Costa, diversos fatores estão contribuindo para a redução da taxa de inadimplência no país. O ano de 2023 está sendo muito positivo para a população brasileira, que vem se beneficiando com dados econômicos cada vez mais positivos.
“Alguns fatores como a queda na informalidade do mercado de trabalho, a diminuição dos preços da cesta básica, a melhora nas taxas de desemprego e na renda da população, apontam para um cenário melhor na inadimplência e no endividamento das famílias nos próximos meses“, disse o presidente da CNDL.
“Apesar disso, a taxa básica de juros ainda é alta no país, por isso é possível ter oscilações na inadimplência dos consumidores, apesar da tendência ser de queda“, acrescentou.
Já a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, disse que as pessoas inadimplentes tendem a aproveitar esses fatores positivos para “colocar as contas em dia“, saindo da inadimplência.
Dívidas por faixas etárias e gêneros
A pesquisa também revelou que a faixa etária de 30 a 39 anos teve a participação mais expressiva entre os devedores do país. Em resumo, havia 15,75 milhões de adultos inadimplentes nessa faixa etária, o que equivaleu a 23,78% do total de inadimplentes.
Esse dado é bastante preocupante, pois equivale a cerca de 48% do total de adultos que compõem esse grupo etário. Isso quer dizer que quase metade dos adultos brasileiros com idade entre 30 e 39 anos estão em cadastro de devedores.
“O final do ano é um momento de injeção de dinheiro na economia por conta do 13º e da abertura de vagas temporárias. A recomendação é que as pessoas se organizem e busquem boas negociações usando, inclusive, o programa Desenrola“, alertou Merula Borges.
“A prioridade deve ser o pagamento de dívidas antes de fazer novos gastos com a chegada das festas de final de ano“, disse. Aliás, muitas pessoas acabam fazendo novas dívidas, mesmo sem ter honrado compromissos anteriores, e acabam fortalecendo os dados da inadimplência no Brasil.
Valor médio das dívidas supera R$ 4 mil
O levantamento ainda revelou que o valor médio das dívidas dos negativados chegou a R$ 4.322,39 em outubro. Em síntese, mais de 30% dos adultos inadimplentes tinham dívidas de valor de até R$ 500. Já quando se fala de dívidas entre R$ 500,01 e R$ 1.000, o percentual ficou próximo dos 14%.
A saber, o número de dívidas em atraso no Brasil cresceu mais de 10% em relação a outubro de 2022. O grande destaque continuou com o setor de bancos, cujo crescimento foi quase duas vezes maior que a média nacional.
Para fugir desse cenário desafiador, a especialista em finanças Merula Borges deu algumas dicas para que as pessoas consigam honrar seus compromissos e sair dos números da inadimplência no país.
“Procurar alternativas seguras em primeiro lugar, a gente tá aí com o programa Desenrola que pode tirar várias pessoas e ter boas propostas, mas fazer um levantamento completo daquilo que deve; não tentar pagar um cartão de crédito com o outro, essa alternativa não é boa”, alertou a especialista.
Além disso, Merula Borges também disse que as pessoas podem e devem procurar ajuda sempre que necessário. “Tem órgãos como o próprio Procon dentro das cidades que ajudam as pessoas a colocar as contas em dia; e, depois de fazer esse levantamento completo, fazer boas negociações de acordo com aquilo que a pessoa consegue pagar”, afirmou.