O mercado imobiliário respirou aliviado com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a nova forma de correção do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esta medida acalmou os temores de um impacto negativo nos financiamentos habitacionais, preservando a acessibilidade ao tão sonhado objetivo da casa própria para milhões de brasileiros.
A Decisão Histórica do STF
Em uma sessão crucial realizada em 12 de abril de 2023, o STF determinou que a remuneração do FGTS continuará a ser reajustada pela Taxa Referencial (TR) mais 3%, acrescida da distribuição de lucros do fundo para os trabalhadores, conforme a prática adotada desde 2017. No entanto, a Corte estabeleceu uma cláusula de proteção adicional: caso o valor resultante seja inferior à inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o saldo do FGTS será reajustado pelo IPCA.
Impacto Positivo no Setor Imobiliário
A decisão do STF foi amplamente comemorada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que a considerou um passo crucial para a sustentabilidade da indústria da construção civil e incorporação imobiliária. Segundo Luiz França, presidente da Abrainc, “Esta medida vai permitir que continuemos a enfrentar o alto déficit habitacional no Brasil, estimado em 7,8 milhões de moradias, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).”
Preservação do Minha Casa, Minha Vida
O impacto positivo da decisão do STF se estende ao emblemático programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que depende diretamente dos recursos do FGTS para viabilizar o acesso à moradia para famílias de baixa renda. Conforme destacado por Luiz França, “Esta medida é crucial para a manutenção do Minha Casa, Minha Vida, que, segundo dados do Ministério das Cidades, já contratou mais de 7,7 milhões de moradias ao longo dos últimos 15 anos.”
Segurança para Operações de Financiamento
O Secovi-SP, uma das principais entidades representativas do setor imobiliário, também comemorou a decisão do STF, afirmando que ela “preservou de maneira inequívoca as operações de financiamentos e empréstimos realizadas pelo FGTS”. Este fundo desempenha um papel fundamental no financiamento de políticas públicas essenciais, como saneamento e habitação, sendo a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário destinado às famílias de baixa renda.
Vantagens para inscritos no Programa Minha Casa, Minha Vida
Victor Tulli, CFO da Lobie, uma startup imobiliária, ressaltou que, com a decisão do STF, “O IPCA hoje está mais baixo que o rendimento da poupança, então é um impacto positivo para a baixa renda e irrelevante para o restante do mercado.” Isso significa que os mutuários de programas habitacionais populares, como o Minha Casa, Minha Vida, poderão desfrutar de taxas de juros mais atrativas e subsídios significativos, tornando a aquisição da casa própria mais acessível.
Centenas de Famílias não teriam acesso ao financiamento
A proposta do governo federal, representada pela Advocacia-Geral da União (AGU), foi decisiva para a decisão tomada pelo STF. A AGU temia que a Corte optasse por corrigir o FGTS pelo rendimento da poupança, o que afetaria drasticamente os recursos destinados à habitação. Cálculos apresentados pela Caixa Econômica Federal revelaram que cerca de 234 mil famílias com renda de até R$ 2.000 não teriam acesso ao Minha Casa, Minha Vida neste ano caso o fundo fosse remunerado pela poupança.
Uma ótima notícia: Ampliação dos Recursos para Habitação
Diante da importância do FGTS para o setor habitacional, o governo federal planeja ampliar os recursos destinados a este segmento. Na próxima reunião do Conselho Curador do FGTS, em 23 de julho de 2024, será encaminhado um voto para aumentar de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões o valor destinado à habitação popular, complementando os atuais R$ 105 bilhões do orçamento do FGTS já destinados a este fim.
Saiba mais sobre o Funcionamento do FGTS
O FGTS é uma espécie de poupança para o trabalhador, criada em 1966 após o fim da estabilidade no emprego e implementada a partir de 1967. Todo mês, o empregador deposita 8% sobre o salário do funcionário em uma conta vinculada àquele emprego. Além disso, há a multa de 40% sobre o FGTS caso o trabalhador seja demitido sem justa causa, sendo que desde a reforma trabalhista de 2017, há a possibilidade de sacar 20% dessa multa após acordo com o empregador na demissão.
Utilização do FGTS em Políticas Públicas
O FGTS é utilizado em diversas políticas públicas essenciais, como habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana, conforme previsto na legislação. No entanto, o saque do FGTS é autorizado apenas em 16 situações específicas previstas em lei, sendo vedado o acesso ao dinheiro fora dessas circunstâncias.
Esperança renovada para quem sonha com sua casa própria
A decisão do STF sobre a nova forma de correção do FGTS representa um alívio para o mercado imobiliário e uma esperança renovada para milhões de brasileiros que sonham com a casa própria. Ao preservar a acessibilidade aos programas habitacionais populares e garantir a sustentabilidade do setor da construção civil, essa medida contribui para a redução do déficit habitacional e a promoção do direito à moradia digna para todas as camadas da sociedade.