Muitos brasileiros conhecem bem o horário de verão. Apesar de estar suspensa há alguns anos, a regra sempre mexeu com o imaginário da população. Aliás, o assunto sempre gerou pensamentos conflitantes no país, visto que muitas pessoas apoiavam a alteração do horário, enquanto várias outras criticavam a regra.
A área técnica do Ministério de Minas e Energia informou que não será necessária a adoção do horário de verão no Brasil em 2023. A regra foi implementada de forma constante em 1985, visando a economia de energia elétrica através do adiantamento dos relógios em uma hora.
Em resumo, o horário de verão tem como objetivo fazer com que a população aproveite de uma maneira mais proveitosa a luz natural. Contudo, em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, optou-se por suspender o horário de verão no país, e isso também deverá se manter neste ano.
O principal motivo para a suspensão da regra foi a mudança dos hábitos de consumo de energia elétrica dos brasileiros nos últimos tempos. O cenário atual vem mostrando que o horário de verão não se mostra mais tão eficaz quanto anteriormente, e o governo tem optado por manter a regra suspensa nos últimos anos.
Abrasel pede o retorno do horário de verão
Na última sexta-feira (22), a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o retorno do horário de verão. Em suma, a regra está suspensa por decreto desde 2019, ou seja, há quatro anos.
O pedido não se limitou ao presidente Lula. A saber, a Abrasel também enviou o documento ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e ao ministro do Turismo, Celso Sabino.
De acordo com a entidade, o horário de verão é muito vantajoso para o setor de bares e restaurantes do Brasil. A Abrasel estima que a regra provoca um impacto direto no faturamento do setor, aumentando o faturamento de 10% a 15%.
“No momento em que o setor ainda se recupera dos prejuízos causados pela pandemia, a implementação da medida beneficiaria um setor que gera renda direta para mais de 7 milhões de brasileiros e tem cerca de 1,5 milhão de empreendimentos no país“, informou a Abrasel.
Horário de verão movimenta a economia
A carta enviada pela Abrasel ainda ressalta que a volta do horário de verão movimenta a economia do país, impactando não só o setor de bares e restaurantes, mas também outros setores, com destaque para o comércio e o turismo, “uma vez que os turistas tendem a aproveitar melhor os destinos, estendendo suas atividades até mais tarde“.
“O retorno do horário de verão proporcionaria mais tempo de luz natural durante os dias, o que favorece o consumo e a frequência de clientes nos estabelecimentos, além de trazer mais movimento e segurança às cidades de um modo geral“, avaliou Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.
Saiba mais sobre o horário de verão
Nem todo mundo sabe, mas o horário de verão é muito antigo. Em síntese, a regra foi instituída pela primeira vez em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas, ou seja, há mais de 90 anos. No entanto, apenas em 1985 que a regra se tornou constante, sendo adotada todos os anos.
Como os dias são mais longos no verão, enquanto as noites duram um pouco menos, o governo quis aproveitar a luz natural, uma vez que demora mais para anoitecer, enquanto a manhã chega mais cedo. Para aproveitar essa iluminação natural, reduzindo o gasto de energia elétrica e, consequentemente, evitando o risco de apagões, o governo passou a adotar o horário de verão.
Governo ainda vai decidir sobre regra
Embora a área técnica do Ministério de Minas e Energia tenha informado que não há necessidade do retorno do horário de verão, não cabe à pasta essa decisão. Na verdade, cabe ao governo federal decidir se a regra voltará ou se continuará suspensa no país.
Cabe salientar que os níveis dos reservatórios do país estão bastante elevados, segundo o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS). Aliás, confira abaixo os dados mais recentes sobre os níveis dos reservatórios:
- Sul: 85,2%;
- Norte: 73,7%;
- Sudeste e Centro-Oeste: 72,6%;
- Nordeste: 67,2%.
“É importante ressaltar que o período tipicamente seco está próximo do seu encerramento, o que torna os resultados de EAR [energia armazenada na forma de água nos reservatórios] mais relevantes”, informou o ONS.
Por fim, o ONS afirma que o cenário atual do país é favorável para a geração de energia hidrelétrica, pois o nível dos reservatórios está elevado no final do período seco. Assim, não há riscos de apagões ou desabastecimento de energia elétrica, mesmo com a expectativa de aumento do consumo elétrico no país devido ao calor.