Com a pandemia de covid-19, muitas atividades precisaram ocorrer de forma remota, fazendo crescer o Home Office. Isto é, formato em que o trabalhador pode realizar suas atividades laborais em sua própria casa. Home Office é a tradução de “escritório em casa”, do inglês.
Nesse sentido, a agência Gombo, que promove projetos com foco na plataforma LinkedIn, realizou uma pesquisa sobre o assunto. A LinkedIn, por sua vez, se trata de um espaço digital, em formato de rede social, voltada para o aspecto profissional e de negócios. Portanto, é possível criar um perfil que seja um tipo de expositor de sua carreira.
A agência Gombo, então, entrevistou um total de 2.977 usuários brasileiros da plataforma, em diferentes regiões do país e no exterior.
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Assim, foi possível perceber que o trabalho com uma jornada completamente remota tem mais adeptos do que a modalidade híbrida. Isto é, quanto parte ocorre no Home Office e outra de forma presencial, no local da empresa.
O que indica a pesquisa?
De acordo com a pesquisa da agência Gombo, os usuários do LinkedIn indicam que possuem uma jornada de trabalho nos seguintes formatos:
- 26,5% estão em trabalho completamente em Home Office, o que representa 788 dos trabalhadores que participaram da entrevista.
- 24,5% estão em uma jornada híbrida, ou seja, tanto de forma remota quanto presencial, representando 730 do total.
- 32,5% são de trabalhadores que atuam de forma presencial, nas sedes das empresas, ou seja, com um total de 967 do total.
- 16,4%, o que representa 488 do entrevistados, não estão trabalhando no momento.
Desse modo, é possível perceber que o trabalho remoto ou ao menos híbrido vem sendo mais comum entre os trabalhadores, ainda que a maioria dos trabalhadores permaneça na modalidade presencial.
No entanto, não é possível fazer uma comparação mais rígida, visto que esta é a primeira edição da pesquisa, conforme indica o cofundador da Gombo, Erih Carneiro.
Segundo o co-fundador, esta realidade, de fato, se tornará permanente, não sendo apenas um movimento temporário em resposta à pandemia de covid-19.
Além disso, o estudo demonstra que a idade média de todos que responderam às perguntas é de 37 anos. Portanto, é possível verificar que há certa variação entre trabalhadores mais jovens e mais velhos.
No que se refere à escolaridade dos entrevistados, grande parte apresenta um nível maior de formação, sendo:
- 43,4% com algum tipo de especialização ou MBA (Master in Business Administration).
- 42,1% possuem ao menos formação de nível superior.
Pandemia impulsionou Home Office
Com a pandemia da covid-19, se fez necessário diminuir a aglomeração de pessoas, com o objetivo de evitar a proliferação da doença.
Por esse motivo, muitas atividades como a educação, alguns serviços públicos e trabalhos do setor privado foram para o formato remoto. Nesse contexto, a pandemia acabou por ocasionar o crescimento do Home Office.
“A pandemia definitivamente mudou o cenário, a forma como as pessoas veem a relação com o trabalho remoto e como as empresas veem isso”, comentou o co-fundador da agência Gombo.
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Desse modo, Erih Carneiro entende que as empresas estão passando por um processo de adaptação do formato híbrido de trabalho. Já o Home Office se encontra bem difundido.
“Na pandemia, teve um momento em que quase todo mundo foi para casa. Depois, deu uma acalmada, as pessoas foram para o trabalho uma ou duas vezes por semana. As empresas ainda estão entendendo como isso vai acontecer.”
Outra pesquisa comprova crescimento
Além da pesquisa da agência Gombo, um levantamento do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, também demonstra o crescimento do Home Office. O estudo ocorreu no fim de 2022 e usou a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Assim, foi possível perceber um aumento de 76,3% de trabalhadores em modalidade remota em 2022, quando em comparação com o 3º trimestre de 2018.
Portanto, a quantidade de trabalhadores que atuam em Home Office já chega no total de cerca de 6 milhões.
Ao comparar este grupo com os demais trabalhadores, vê-se que são 6,7% de cidadãos que trabalham de forma remota. No segundo trimestre de 2021, quando a pandemia de covid-19 teve uma alta, o número chegou a 7,37%.
Pesquisa fala de rendimento
Considerando um total de 6,53 milhões de trabalhadores em Home Office no terceiro trimestre de 2022, seu rendimento médio foi de R$ 3.009,88.
Assim, verificou-se que esta quantia é o segundo maior desde o ano de 2018. O período com maior rendimento de trabalho remoto foi no segundo trimestre de 2021, quando chegou em R$ 3.052,45. Isto é, sendo também um período de grande incidência deste tipo de trabalho.
No entanto, comparando o rendimento real, o valor do terceiro semestre de 2022 é o maior em 4 anos, quando a pesquisa se iniciou. Isso significa, portanto, a soma de todos os rendimentos, sem realizar a conta de média entre o total de trabalhadores remotos.
Neste período todo o grupo que trabalha em Home Office promoveu um rendimento total de R$ 19,64 bilhões. Isso significa uma alta de 192% quando em comparação ao terceiro trimestre do ano de 2018, quando o rendimento total de trabalhadores remotos foi de R$ 6,72 bilhões.
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Já ao comparar o dados de 2021, o rendimento do terceiro trimestre de 2022 apenas teve uma alta de 4,3%, ou seja, de R$ 18,8 bilhões.
Trabalhadores em Home Office têm maior qualificação
De acordo com o pesquisador, o perfil de trabalhadores remotos mudou.
“O pós-pandemia mudou o perfil das pessoas que trabalham remotamente. Está associado sobretudo a pessoas mais qualificadas e, consequentemente, melhor remuneradas, principalmente em atividades em que a presença física não é exigida, como em áreas de tecnologia, atividades financeiras, informação e comunicação”, declarou Bruno Imauzumi.
Além disso, a pesquisa analisou aquelas atividades que podem ser feitas em Home Office. Assim, identificou que:
- 52,9% destas seriam com trabalhadores que possuem ensino superior completo.
- 4,6% para trabalhadores com fundamental completo e ensino médio incompleto.
- 1,5% seriam para trabalhadores sem alguma instrução específica e o nível fundamental incompleto.
Ademais, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicou em que grupos sociais este tipo de trabalho predomina. Seriam, então, de 58,3% de mulheres, 60% de pessoas brancas, 62,6% de trabalhadores com nível superior completo e 71,8% entre 20 e 49 anos de idade.