O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (19) que o crescimento da atividade econômica do Brasil precisa superar a média mundial. Pelo menos esse deve ser o objetivo do país, que deverá persegui-lo de maneira contundente em 2023.
De acordo com o ministro, a economia brasileira só poderá ter um crescimento fortalecido se houver redução dos juros no país. Aliás, Haddad afirmou que o Banco Central (BC) pode iniciar um novo ciclo de corte dos juros, visto que há espaço para isso acontecer no país.
Durante um evento promovido pelo BC, em São Paulo, Haddad reforçou que o Ministério da Fazenda e o BC vêm trabalhando para “harmonizar as políticas fiscal e monetária” do país. Tudo isso com o objetivo de promover um crescimento robusto da atividade econômica brasileira.
“Sempre faço referência à meta que colocamos de crescer acima da média mundial, dado seu potencial em relação a recursos e tecnologia desenvolvida a nível nacional“, disse o ministro, referindo-se à economia brasileira.
Presidente do BC assumiu no governo Bolsonaro
Durante o evento, Fernando Haddad também destacou que o governo Lula é o primeiro a iniciar um mandato com a lei de autonomia do Banco Central em vigor. Isso porque a lei foi criada em 2021, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Inclusive, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi indicado ao cargo pelo ex-presidente Bolsonaro. Campos Neto deverá ficar no cargo até dezembro de 2024, quando chega ao fim o seu mandato de quatro anos.
Em resumo, a lei de autonomia do BC garante a permanência de Campos Neto na presidência por quatro anos. Por isso que, mesmo havendo pressão do governo Lula, o cargo está assegurado em lei a Campos Neto.
Por falar nisso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem criticando de maneira recorrente e incisiva o presidente do BC, bem como a própria instituição financeira devido aos juros elevados no país.
Vale destacar que a lei também passou a classificar o BC como autarquia de natureza especial. Dessa forma, há “ausência de vinculação a ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica”, ou seja, o BC não está hierarquicamente abaixo de nenhum ministério do governo Lula, ou de qualquer outro governo.
Anteriormente, o BC era vinculado ao Ministério da Economia, mas não subordinado. A propósito, o ministério foi extinto no governo Lula. Agora, sem a vinculação a qualquer pasta, e com autonomia, o BC passa a agir de maneira ainda mais comprometida com a moeda do Brasil.
Governo Lula x Banco Central
O ministro da Fazenda também ressaltou no evento que “discutir política monetária não é afrontar o Banco Central“.
Nos últimos meses, as críticas do presidente Lula à taxa de juros no Brasil preocuparam o mercado, que temia a perda da autonomia do BC. Contudo, o próprio governo disse que a autonomia da entidade não corre perigo.
“Estamos construindo essa relação. Todos que estão aqui estão correndo pelo mesmo objetivo, somos dois braços do mesmo organismo e temos que trabalhar pelo mesmo objetivo“, disse Haddad.
De todo modo, o presidente Lula fez questão de afirmar que o BC possui autonomia, mas não é intocável. No início de maio, o petista também disse que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “não tem compromisso com o Brasil“. Segundo Lula, Campos Neto tem compromisso com “aqueles que gostam de taxa de juros alta“.
Haddad defende redução dos juros
Nessa semana, o discurso do ministro da Fazenda ficou ainda mais intenso sobre a redução dos juros. Em síntese, Haddad está afirmando que a decisão da Petrobras em reduzir os preços dos combustíveis ajudará a desacelerar a inflação no país.
A saber, os combustíveis exercem uma grande influência na taxa inflacionária do Brasil. Com a queda nos seus preços, a expectativa é que a inflação perca força, o que pressionaria o BC a reduzir os juros no país. Isso porque o principal objetivo de uma taxa de juros elevada é controlar a inflação do país.
Nesta semana, Haddad afirmou que a Petrobras pode reduzir ainda mais os preços dos combustíveis em julho. Em resumo, está previsto o início de alguns tributos federais que incidem sobre os combustíveis no dia 1º de julho. E o governo federal não quer que os motoristas sintam a elevação dos valores dos combustíveis nas bombas.