Haddad diz o que pensa sobre o Fim do parcelamento sem juros

Haddad diz o que pensa sobre o Fim do parcelamento sem juros

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a possibilidade de extinção do rotativo do cartão de crédito. Em entrevista a jornalistas, ele afirmou que a solução para reduzir a inadimplência da modalidade não pode afetar o consumo no Brasil.

De acordo com Haddad, isso precisa acontecer sem comprometer o varejo nacional, pois muitas vendas acontecem justamente dessa maneira, em muitas parcelas sem juros no cartão de crédito. O ministro também ressaltou que o governo precisa proteger as pessoas que estão no rotativo do cartão de crédito.

O parcelado sem juros responde hoje por mais de 70% das compras feitas no comércio. Temos que ter muito cuidado para não afetar as compras do comércio e não gerar um outro problema para resolver o primeiro“, destacou Haddad.

Juros abusivos no rotativo do cartão de crédito

O rotativo do cartão de crédito é a linha de crédito mais cara do mercado, mas isso não afasta os consumidores da modalidade. Na verdade, a sua procura sempre se mostra muito elevada porque a operação permite a contratação do crédito por pessoas que não têm condições de pagar o valor total da fatura na data do vencimento.

Os juros da modalidade chegaram a 440% ao ano em junho de 2023, taxa considerada abusiva pelos especialistas. Aliás, quase metade das operações com o rotativo do cartão de crédito está inadimplente no país, segundo dados do Banco Central (BC). Esse é o principal fator alegado pela autarquia para extinguir a modalidade.

O ministro Haddad afirmou, durante a entrevista, que os juros da modalidade são realmente muito altos. Contudo, ele disse que o governo precisa estudar outras maneiras de solucionar o problema, que não seja a extinção do rotativo do cartão.

Tem que proteger quem está caindo no rotativo, claro, tem que fazer alguma coisa por essa pessoa“, afirmou o ministro. “Mas o sistema padrão de compra brasileiro hoje é esse“, acrescentou, referindo às compras parceladas, realizadas por boa parte da população.

Três em cada quatro pessoas usam crédito parcelado

Em meio à polêmica envolvendo o parcelamento das compras, uma pesquisa do Datafolha revelou que 75% da população do país utilizou o crédito parcelado em 2022. Isso mostra que a decisão do Banco Central e do governo federal irá afetar boa parte do país.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu uma nota, afirmando que busca uma “solução construtiva que passe por uma transição sem rupturas, que pode incluir o fim do crédito rotativo e um redesenho das compras parceladas no cartão“.

Já a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirmou, em nota, que está concluindo seus estudos, “buscando encontrar alternativas que possibilitem a prática de taxas de juros no rotativo cada vez menores para apresentar, ainda neste mês, ao Banco Central“.

População brasileira faz compras parcelas no cartão de crédito
População brasileira faz compras parcelas no cartão de crédito. (Imagem: Agência Brasil).

Tensão entre Haddad e Arthur Lira

Durante a entrevista, Fernando Haddad utilizou uma frase que pode ter causado um mal-estar entre ele e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. A saber, o ministro disse que a Câmara “está com um poder muito grande” e que não pode usá-lo para “humilhar” o Senado Federal e o Poder Executivo.

As declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos, nos dois primeiros governos [do presidente] Lula, um presidencialismo de coalizão que não foi substituído por uma relação institucional mais estável. Defendi, na entrevista, que essa relação fosse mais harmônica e que pudesse produzir os melhores resultados“, explicou Haddad.

Fiz questão de me comunicar com ele [Lira]. Foi excelente! Ele falou: ‘Haddad, talvez caiba um esclarecimento porque as pessoas estão achando que foi uma crítica pessoal e, à luz de toda relação estabelecida entre nós, eu gostaria que você esclarecesse. E estou aqui para reiterar o que estou dizendo desde sempre“, disse o ministro.

Haddad afirmou que não teve intenção de criticar a legislatura de Arthur Lira. “As pessoas estão achando que foi uma crítica pessoal e, à luz de toda a relação estabelecida entre nós, eu gostaria de esclarecer isso”, afirmou Haddad.

Tensão entre Haddad e Arthur Lira

O governo deverá enviar em breve para o Congresso Nacional um projeto de lei para taxar as offshores. Em suma, estas empresas são mantidas para guardar recursos no exterior. Segundo Haddad, isso acontecerá caso a Medida Provisória 1.171 perca a validade no fim deste mês.

Se acontecer como foi com o Carf, podemos enviar um novo projeto de lei junto com a peça orçamentária“, declarou. A propósito, o Carf teve uma medida provisória convertida em projeto, e o governo deseja que isso também aconteça em relação às offshores.

Esse projeto do governo pretende alterar as regras de tributação dos investimentos de brasileiros no exterior. Em síntese, a proposta foi incorporada à medida provisória que reajustou o salário mínimo para R$ 1.320. O governo quer usar os recursos oriundos da tributação destas empresas para zerar o déficit primário em 2024.

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