O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) revelou mais alguns detalhes sobre as suas conversas com representantes da empresa chinesa Shein. De acordo com o chefe da pasta econômica, os diretores da companhia estrangeira prometeram passar a pagar todos os impostos exigidos no Brasil.
“A Shein nos procurou, disse que vai produzir no Brasil, assinou uma carta se comprometendo a produzir no Brasil, a gerar 100 mil novos empregos e a pagar como qualquer loja da comunidade paga”, disse em entrevista à CBN. “Nós lançamos um plano de conformidade, e todos os portais estão aderindo. Bom para o Brasil, bom para a Shein, bom para todo mundo”, completou o Ministro da Fazenda.
O recuo
O Governo Federal chegou a anunciar oficialmente que acabaria com a isenção de importados de até US$ 50 para envios de pessoas físicas para pessoas físicas. A suspeita do Ministério da Fazenda era de que empresas estrangeiras como a Shein estariam usando esta regra para se passar por pessoas físicas e não pagar impostos.
Contudo, este movimento do Governo gerou uma repercussão negativa nas redes sociais. Diante disso, o presidente Lula entrou em contato com o Ministro Haddad e pediu para ele desistir da ideia de acabar com a isenção de importados que custam até US$ 50 para pessoas físicas.
Nesta mesma entrevista concedida à CBN, o Ministro da Fazenda disse que o Governo só recuou da decisão justamente porque entendeu que a Shein também apresentou um recuo. “O governo recuou porque a Shein recuou”, disse ele na manhã desta sexta-feira (5).
Recentemente, Haddad se encontrou com executivos da Shein. O Ministro teria ouvido de representantes da empresa que eles têm a intenção de abrir um sistema de produção no Brasil, e falaram até mesmo em ofertar mais de 100 mil empregos para os brasileiros.
“A Shein vindo, produzindo, gerando emprego em conformidade com a legislação brasileira, não tenho problema nenhum”, disse o Ministro da Fazenda.
“Falha na comunicação”
Na mesma entrevista, Fernando Haddad também reconheceu que o Governo Federal precisa melhorar a sua comunicação diante da população. Ele disse, aliás, que o caso da Shein pode ser um dos exemplos de como o poder executivo pode melhorar neste sentido.
“A comunicação precisa melhorar muito. A minha, inclusive. Estamos fazendo muita coisa corretamente, recuperamos muitas coisas e temos que bater mais bumbo a respeito do que está acontecendo”, disse o Ministro da Fazenda.
Taxação de apostas
Sobre a taxação dos sites de apostas esportivas, o Ministro da Fazenda disse que o Governo está encaminhando o assunto. De acordo com ele, a sua pasta já teria finalizado o projeto que regula a taxação deste tipo de atividade no Brasil. Contudo, o texto ainda precisa passar pelo crivo do Ministério da Casa Civil.
Somente depois desta aprovação interna por parte do Governo Federal é que o documento deverá seguir para análise do Congresso Nacional. Até aqui, ainda não há uma definição sobre a data de envio do documento, e menos ainda para o início da taxação de fato.
“Estamos vendo a experiência de Espanha, Portugal”, disse. “Vamos aprender com quem saiu na frente”, completou o Ministro.
Desenrola
Haddad também foi questionado sobre o lançamento do Desenrola. Trata-se do projeto social prometido por Lula na campanha e que prevê a facilitação nas negociações de dívidas de milhões de brasileiros que estão em situação de inadimplência.
“Acredito que em torno de 60 dias vamos estar às vésperas do lançamento, que talvez aconteça no começo de julho”, disse o Ministro da Fazenda. Ele argumentou ainda que o sistema é complexo e por isso está demorando mais do que o esperado.
“Porque não é todo credor que vai participar do Desenrola, é o credor que deu o maior desconto para o devedor. Se o governo vai entrar com recurso público, eu tenho garantir que vai ter desconto bom”, disse ele.