Os brasileiros que moram de aluguel receberam uma grande notícia nesta semana. De acordo com o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), o preço dos aluguéis residenciais caiu 0,06% em maio, na comparação com abril.
Esse é o primeiro resultado negativo de 2023, visto que o preço do aluguel só fez subir nos quatro primeiros meses do ano. Confira abaixo a variação registrada nos meses deste ano:
- Janeiro: +4,20%;
- Fevereiro: +1,09%;
- Março: +0,97%;
- Abril: +0,76%;
- Maio: -0,06%.
Com o acréscimo do resultado mensal, o IVAR passou a acumular uma alta de 8,14% nos últimos 12 meses até maio. Esse percentual ficou abaixo da taxa acumulada nos últimos 12 meses até abril, de 8,84%, ou seja, os preços do aluguel desaceleraram no mês passado no país.
Com mais essa desaceleração, a taxa anual ficou ainda mais distante do recorde registrado pela série histórica, que teve início em janeiro de 2019. A saber, o maior valor anual foi observado em outubro do ano passado, quando chegou a 11,56% entre novembro de 2021 e outubro de 2022.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, atualizou os dados nesta semana.
Preço do aluguel cai em São Paulo e Porto Alegre
Em suma, a queda do IVAR em maio ocorreu devido a decréscimos registrados em duas das quatro cidades pesquisadas, com destaque para São Paulo. Por outro lado, a taxa acelerou em outros dois locais em relação a abril, limitando a queda dos preços.
Veja abaixo as variações registradas no mês passado:
- Rio de Janeiro: 3,15%;
- Belo Horizonte: 3,09%;
- Porto Alegre: -0,33%;
- São Paulo: -2,02%.
A título de comparação, os preços haviam subido em São Paulo e em Porto Alegre em abril, enquanto haviam recuado nas outras duas capitais. Isso mostra que houve uma inversão das variações, com os valores subindo no Rio e em BH, mas recuando nas outras duas localidades.
Em maio, a maior variação foi registrada em Belo Horizonte, visto que os preços haviam caído 3,83% em abril, ou seja, as taxas oscilaram 6,92 pontos percentuais (p.p.) entre os meses. Já em São Paulo, a oscilação chegou a 4,32 p.p., seguido por Rio de Janeiro (3,40 p.p.) e Porto Alegre (1,57 p.p.).
Vale destacar que cada local exerce um impacto único no índice, e São Paulo, por ser a maior economia do país, influencia de maneira mais intensa o indicador. Por isso que o resultado ficou negativo em maio, apesar das fortes altas registradas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
Com o acréscimo das variações observadas em maio, as cidades pesquisadas pelo FGV IBRE passaram a acumular as seguintes variações nos últimos 12 meses:
- Belo Horizonte (10,48% para 11,68%);
- Rio de Janeiro (9,63% para 11,63%);
- São Paulo (8,41% para 6,50%);
- Porto Alegre (7,40% para 6,13%).
Em maio, apesar das variações significativas registradas em relação a março, não houve alteração nas posições das capitais. Em síntese, Belo Horizonte continuou registrando a maior alta nos preços dos alugueis residenciais a nível anual, enquanto a menor variação continuou com Porto Alegre.
De todo modo, as quatro capitais pesquisadas pelo FGV IBRE continuam tendo um aluguel bastante caro. Assim, a renda de milhões de pessoas que moram de aluguel ainda é corroída por essa despesa. Resta aos brasileiros torcerem para a queda nos preços do aluguel.
Entenda o indicador da FGV
Em resumo, o indicador tem o objetivo de “medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais do mercado de imóveis no Brasil“, segundo a FGV.
Para a sua composição, o indicador utiliza “valores de contratos fornecidos por um conjunto de agentes do mercado imobiliário que fazem a intermediação de operações de locação”, conforme explica a Fundação Getulio Vargas.
“O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) mede a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais em quatro das principais capitais brasileiras com base em informações anonimizadas de contratos de locação obtidas pelo FGV IBRE junto a empresas administradoras de imóveis, representando um aprimoramento das estatísticas acerca de aluguéis residenciais do FGV IBRE“, informa a entidade.
A propósito, o levantamento segue um mesmo imóvel ao longo do tempo, abrangendo as características dos diferentes contratos firmados. Isso acontece como “parte da dinâmica natural do mercado”, pois os valores coletados se referem de maneira efetiva aos preços “desembolsados pelos locatários em cada período do tempo”.
A FGV IBRE ressalta que essas informações são ideais para o cálculo do IVAR, uma vez que o índice reflete a “evolução dos fundamentos do mercado imobiliário“.
Inflação da construção civil segue elevada no país
De acordo com o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os custos da construção civil subiram levemente em maio.
Embora a alta tenha sido tímida, o indicador acumula um avanço de 6,13% nos últimos 12 meses. Ainda assim, a taxa ficou menor que a registrada nos 12 meses imediatamente anteriores (8,05%).
Em suma, os custos da construção continuam muito elevados no país, mesmo com a taxa desacelerando na comparação anual. Quando os preços sobem, os brasileiros são os que mais sofrem, pois isso acaba encarecendo os imóveis, e os alugueis seguem a mesma trajetória, registrando fortes altas, como a apresentada pelo IVAR.
Vale destacar que o mercado imobiliário brasileiro enfrentou grandes desafios em 2022, com uma forte queda no número de lançamentos de imóveis. No entanto, as expectativas do setor para este ano são mais positivas, e os preços tendem a seguir essa trajetória de alta.