Triste notícia para os brasileiros que desejam construir o seu imóvel. A inflação da construção civil voltou a acelerar no país em abril deste ano. Isso quer dizer que os preços do setor tiveram uma variação mais intensa que a registrada em março.
Aliás, os últimos resultados seguiram o caminho inverso, com as variações ficando cada vez menores. No entanto, isso não significava dizer que os custos da construção estavam caindo. Pelo contrário, os preços subiram em todos os meses de 2023, mas de maneira menos intensa que no mês anterior.
Isso mudou em abril deste ano, com os preços da construção civil ficando 0,23% mais caros que em março quando os custos subiram 0,18%. A diferença é pequena, mas qualquer decréscimo já é melhor que alta nos preços.
Em resumo, esses dados fazem parte do Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).
Com o acréscimo do resultado de abril, o setor passa a acumular uma inflação de 7,48% nos últimos 12 meses. A título de comparação, no acumulado de 12 meses, até março de 2022, os preços do setor haviam subido 11,54%, ou seja, bem mais do que a taxa anual atual do INCC-M.
Esses resultados mostram que, em 2022, os brasileiros sofreram com a alta dos preços da construção civil. Já em 2023, o aumento se mostra menos intenso, mas ainda presente.
Em outras palavras, os custos do setor não param de subir. A única coisa que acontece é que a intensidade das altas às vezes vem mais fortes, enquanto outras vezes vem mais tímidas.
Preços dos materiais e equipamentos caem
O índice que mede a mão de obra voltou a desacelerar no país, após registrar um acréscimo em março. Em suma, a taxa do indicador passou de 0,27% para 0,23% entre os meses, resultados que sucederam a alta de 0,10% em janeiro.
Por outro lado, a inflação referente aos preços de materiais e equipamentos saiu do campo negativo, subindo de -0,07%, em março, para 0,14% em abril. Esse resultado ajudou a elevar um pouco mais os custos da construção no mês, puxando o INCC-M para cima.
Por outro lado, a variação relacionada a serviços desacelerou em abril, passando de 0,88% para 0,65%. Em síntese, os preços relacionados aos serviços aceleraram no início de 2023, mas as altas perderam força nos últimos meses.
A saber, o FGV Ibre pesquisa os preços da construção em sete capitais brasileiras. A inflação do setor acelerou em quatro delas, e apenas um local teve taxa negativa, diferentemente de março, quando os custos caíram em quatro capitais pesquisas.
Veja abaixo a variação da inflação nas capitais em abril:
- Salvador: 1,15%;
- Porto Alegre 0,49%;
- Belo Horizonte 0,09%;
- Brasília: 0,30%;
- Rio de Janeiro: 0,12%;
- São Paulo: 0,04%;
- Recife: -0,04%.
Nesse mês, os locais que tiveram aceleração em suas taxas foram Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, cujos preços haviam ficado negativos em março.
Confiança da construção sobe em abril
O FGV Ibre também divulgou dados do Índice de Confiança da Construção (ICST). Em resumo, o indicador revela o grau de confiança dos empresários do setor. E, em abril, o resultado do indicador cresceu 1,0 ponto em relação a março.
Durante boa parte de 2022, os empresários da construção civil se mostraram otimistas no país. No entanto, o pessimismo começou a ganhar força no final do ano passado, refletindo a falta de confiança do setor com a atividade econômica brasileira.
De acordo com o levantamento, o ICST chegou a 95,4 pontos em abril. Em suma, o indicador mostra o grau de otimismo ou de pessimismo dos empresários do setor da construção civil do Brasil. Com o acréscimo do resultado de abril, o indicador alcançou o maior nível desde novembro de 2022 (95,6 pontos).
A propósito, taxas acima de 100 pontos representam otimismo, enquanto taxas inferiores a 100 pontos correspondem a pessimismo. Isso quer dizer que os empresários da construção civil do país estão levemente pessimistas, com o indicador um pouco abaixo de 100 pontos.
De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, houve melhora tanto das condições atuais do Brasil quanto da perspectiva em relação à demanda dos próximos meses.
“A confiança das empresas da construção avançou influenciada tanto pela percepção em relação à situação corrente, quanto pelas expectativas, mas ainda sem recuperar o patamar de outubro do ano passado“, ponderou.
Empresários da construção estão mais confiantes
Em abril, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 0,6 ponto, para 94,3 pontos. Essa foi a segunda alta, após quatro meses consecutivos de queda. Assim, o sentimento dos empresários sobre o presente continua refletindo leve pessimismo, apesar da nova alta mensal.
Da mesma forma, o Índice de Expectativas (IE-CST) avançou 1,4 ponto, para 96,7 pontos, aproximando-se ainda mais da marca dos 100 pontos, que indica neutralidade do indicador. Em síntese, esse é o maior nível desde outubro de 2022 (103,2 pontos).
“Vale destacar a melhora das expectativas dos empresários nos segmentos de Edificações Residenciais e de Obras Viárias. O mercado imobiliário tem mostrado grande resiliência e sustentado aumento nas vendas de imóveis novos, a despeito da piora nas condições de crédito“, disse Ana Maria Castelo.
Por fim, a coordenador ressaltou que, em abril, “as empresas, além de apontarem melhora expressiva da atividade corrente, sinalizaram confiança na demanda dos próximos meses“.